segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
LONGE
Com seus infindáveis minutos,
Povoam minha insanidade de imorais apelos.
E o canto de sereia
Que é a sua risada
Ecoa pelos salões das lembranças
Zunindo os cristais dos beijos que agora não te dou.
Consolo é deitar ao lado do vulto de perfume
Deixado na tarde soturna de amor e sonhos...
Quero acalmar seus dedos em agonia
Afogar sua insegurança com minhas asas de liberdade
Para alçarmos vôos de plenitude desse amor
Que nasce na penumbra da dúvida..."
“mas as sereias têm uma arma muito mais terrível que seu canto: o seu silêncio. – Franz Kafka”
MASA -
domingo, 28 de dezembro de 2008
mas não por isso brigo
amar é tão infinito
Sinto cheiro de sorriso
Fingido loucura de tímido
De tal maneira que não grito
Sou seu homem, decerto
Monumento inconcluído
Sem ela viro um deserto
Morro do que não sinto
A poesia me chama mais perto
Com ela pareço bonito
Deixemos tanto asfalto concretro
Diz chega ao que está nos partindo
Corpos celestes no espectro
As nuvens vão sempre despindo
Agora que tudo é incerto
É certo que estamos sorrindo
(aluisio martins)
ELA
sábado, 27 de dezembro de 2008
de ser como um nó no peito
sempre pedindo de nós mais
Tudo é surpreendente e demais para mim
temática, essa mesa é pensada
e também os anéis que a cobrem
com a luz que pela janela entra
Fascínio e um jeito só dela
as fatoriais e a cadeira
onde sento e de onde vejo
Todos esses bulímicos prazeres
são menos e mais com a hora
e tangem por certo os medos.
Petro.
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
RASTRO
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
sábado, 13 de dezembro de 2008
YESTERDAY
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
DEVIR

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Torna o Trôpego
Cair sem perceber
Salvar, ser e fazer
Ninguém sabe aprender
Montado em seu escrever
Alísio como tem de ser
Tosado e um tarde correr
Enamorado do entardecer
Timbrado, tristonho viver
Tudo termina em parecer
A agonia mente sem ver
Do seu agoniado o emudecer
Buscando em algo morrer
Seu fim e seu bel prazer.
Petro.

sábado, 6 de dezembro de 2008
Avulto

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Título? Posso "passar"???
Colaboradora...Pensei em que poderia colaborar. Não sou escritora. Mas até que tenho minha vida, minha alma, minhas experiência para dividir...Mas fico em dúvida, servirão? Estarão vocês na mesma viagem?
Meu nome é medo. Distonia. Insatisfação e anseios. De tudo. De explicações, de aceitações, de /ou fé. Algo que acalme o ser. Que preenha os espaços vazios.
Andei procurando alento no existencialismo. Não é a minha... Definitivamente!
Para o existencialista não cabe arrependimentos e eu vivo deles, mesmo que não adiante nada. Os "ses" me perseguem. Caso eu tivesse feito isso, se não tivesese feito aquilo...E por ai vai.
A fé, agora que os "Meus" estão perto de partir, também não me serve. Nem Deus, muito menos ele. O sentido tem que vir de dentro para fora. Dizem que Deus está em todas as coisas, inclusive in- side...Inside de quê, de quem? De mim é que não está ou está brincando de esconde -esconde há muito tempo e olha, já perdeu a graça. Como eu tento não fazer mal a ninguém se ele existir talvez me dê um desconto quando eu lá chegar, sabe ele onde.
Agora , de um lado procuro explicações nas estrelas, no big bang, nas explicaçóes nada fáceis para uma leiga do Stephen Hawking. Leio e releio cada página algum par de vezes. "O Universo numa casca de Noz".Indico. Interessante mas não anda me respondendo tanto quanto pensava.
Do outro lado da cabeçeira Lao T-se. Gosto mais, muito mais. Principalmente da ação pela inação. nada de preguiça, lógico mas já que estamos mesmo à mercê, né não?
Na verdadde, encontrar semelhantes e que é o barato. Mesmo orkutando, mesmo virtualmente levando-se em conta que atrás do virtual há um real onde batem mil corações. Há que se ser criteriosa, entretanto. É isso aí.
Manda ver nos comentários, falou? Estou curiosa e adoro uma dinâmica, uma "discussãozinha" salutar, digamos assim...
Grande abraço a todos que por aqui se detiverem.
Lia
domingo, 30 de novembro de 2008
Instâncias
E bruto não sou porque não compactuo mais com o abrupto. Vou paulatino e a cada estaca contada na beira do desatino, paro, me viro e dou acenos. Estou indo! Até um dia... Até que a gente se perca de vista. Não tomo carona nas aeronaves que ultrapassam a barreira do entendimento aos néscios ou aos apaixonados, que também são néscios por escolha própria.
Venho há muito dando indícios, uso de toda linguagem para me fazer claro. Ela não sabe ler. Não é bem uma iletrada. Apenas não sabe ler e cultua oralidades sa(n)gradas lá no recanto venenoso dos homens verdes. Os rituais se sucedem no sítio “disse-me-disse”, fundado em oposição ao “não me deixes” de Raquel de Queiroz em composição com o "Ne Me Quitte Pas" de Jacques Brel.
Há coisa de cinco anos dei o primeiro sinal: cumprimentei a tal moça na feira de inutilidades, úteis exclusivamente às vaidades estampadas nas araras vermelhas, onde tinha uma moça que sorria com sérias pretensões de aliciar desavisados futuros pretendentes, mas que na verdade estavam preteridos de causalidades, contudo abastecidos de dólares obtidos culposamente, crime dolor à humanidade. Quando avistei seus olhos ocultos, sob a lupa escura de marca, vi que nada via a moça de raça em moda, travestida de deleidades cósmicas, típicas dessas eras astrais, onde todo planeta importa sentido, excluindo-se este que nada importa.
Disse olá e olha lá se fui compreendido. Presumo que não. Ela nada disse e continuou sorrindo e mirando as minhas calças. Que volume procuras? Escondi a mão no bolso ou seria o contrário? Estou duro, moça. Essa era a senha para entrar na sua taberna. Daí pra frente ela me deu as costas. Meus Deus! Estava mesmo disposta a tudo. Uma dança encenamos no meio do paço e nossos passos se atroplevam de desejos. Mas pisei no seu calo. O primeiro sinal – o rítmo lento do adeus em fim de festa.
O resto é estória banal de todo casal que se depara com a fatalidade da perda. Não carecem pormenores de certos detalhes relevantes, por maiores que sejam. O beijo roubado e por tal deve ser devolvido ao proprietário que pagou caro pelo mesmo. O sono perdido, sem remédio nem nada que o reponha, com os dias contados. O que se conta se sabe finito. Caso contrário, não se contava. Somente os amantes da mortes celebram aniversários. A eternidade não faz uso de calendários. As juras conjuram tão somente a contemplação do impermeável. Os dias passados? Passados os dias. Tudo relegado nas cartas queimadas. Não foi culpa de ninguém. Quem sabe do poeta. O poeta já havia matado a árvore bem antes. A moça, mais ávida, vociferou pelo seu desaparecimento. Vivia, ou pensava que vivia, de sombra a água. Fresca que era ela. Então o poeta, pensando, pensando, e inutilmente pensando estar criando, extirpava a naturalidade. Poeta tem dessas, emprestar azuis e belezas que alucinam. Ou seja, tira a luz da espontaneidade, ainda que que feia e dura e opaca. Nesse caso, mea culpa. O sol está quadrado na janela da cúpula.
Vou dobrando a curva. Só lhe vejo a barra do vestido flamulando. Não sei se de felicidade. À frente tem um pasto largo e o gado se ajunta junto a cerca de arame farpado. Olhares tristes me dizem que viver tão vasto pode ser uma merda. Mas é tão bom esse cheiro de roçado.
Aluísio Martins
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Inverno2
Sãos são os pecadores
Por que insiste em adiar a consumação à beira do rio?
Não me diga que cria ser manso o deitar-se no leito frio
Não te disse?
Não me diga
Se viver é tal tormenta, de que tal sorte seria a morte boa e lenta?
Tantos por tantas vezes se repetiram
É um fogo...
E outra maneira não há de se viver por amor
E outra receita não há de se padecer do mesmo ardor
Felizmente
Não digo feliz de contente
Mas enfim, o gôzo fremente
Desprovido da estúpida obrigação de pedir perdão pelo pecado da carne
Cometido com muito gosto, ainda que tarde
De onde tiraste a idéia louca que ao acometido pela loucura da paixão cabem penitências que não a própria fruição do prazer carnal?
O amante infernal
Rubro e devasso e asceta
Mas, acima de tudo, é um anjo o poeta
Deus lhe preserva louros e o louva pela tamanha bravura de se nomear sua imagem e semelhança
Quanta coragem abrubta
Para plantar flores em pedra bruta
Pouco importa se pouco se colhe do muito que se intenta
E se flores não colhe, se inventa
O poeta é artista da desdita
Tudo é proveito, colheita bendita
Daquela pobre pedra de areia dura faz escultura
Formas lindas de deleite
Ou seja,
Dá matéria à alma desnuda
Para desnudar também a sua
Em matéria de amor, o poeta é vida
Porque cria perfeito o que abjeto evita
Objeto antes sem vida - pó
Daí que Deus e poeta são um só.
Aluísio Martins
domingo, 23 de novembro de 2008
É medo!!!
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
desditos
É imoral e engorda
Papa na língua é pecado
Quem tem crina não é gago
Valente só mente medo
Solidão é cangaço
Todo destino é capim
Antes disso
Estrume que boi não come.
Aluísio Martins
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Nova Era: Um Mundo de Maldade
Petro.
domingo, 16 de novembro de 2008
saudade líquida
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Olhar Intimista
Do longo padecer, crio o que me aponta a prosódia
Sem mesmo querer, professor eu me torno
Fazendo entender que o todo é um forno
De onde assar é obedecer o fogo e o baixo assado
que faz fumaça e o beber, um com outro em um caldo
se bebo enquanto se faz o comer, já se torna diferente
é bom como escrever no papael uma dor pungente
e assim acabo sem saber se gostei ou escrevi
muito pouco importa, pois o mais difícil esqueci
E, se não é esquecer a arte de levar a vida
para breve em breve aprendar, com cada ferida
sem também ser dileto viver a cousa esquecida.
Petro.
domingo, 9 de novembro de 2008
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Qualquer Coisa, me Chame!!!
Estou gostando de ser apresentado assim a novos blogs, de onde vejo com estupor falarem de temas para mim tão descomplicados -- mulher, para os Nietzschianos, ou é falsa ou é deusa --, e, acho muito bonito tudo isso. Apenas peço-me que escrevam mais e publiquem mais, e interem minha pessoa dentro de tudo isso.
A iniciativa do Aluísio é nobre, e, precisamos -- com certeza -- de mais e mais poetas como ele; não importa o que digam os acadêmicos; Aluísio, você é grande!, eu é que vejo tudo isso com muito entusiasmo mas pouca empolgação.
E carrego esse descarrego com muita raiva, e, como o Mestre Cartola, "Levantei as mãos ao céu, blasfamei"
Retirem-me do incalco dos "grandes" poetas de pequenos textos e vamos nos elevar ao sincero despreparo da criança freudiana que é o adulto dentro de nós, esse ser que chora cada vez que depara-se com uma cousa com a qual não se identifica!
Abraços a todos!
Petro!!!
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
sábado, 1 de novembro de 2008
Se a Vida é, I love You
para, suave e incalta
lavar meu jovem espírito
cansado de ser só escrito.
Você foi a carta de baralho
olhada e pensada de talho
simples e não cogitada
que derrubou minha jogada
E, você será meu amor
pois, se a vida é detentor
I love you em inglês e
te amo essa e outra vez.
Petro
sábado, 25 de outubro de 2008
Encontro de Palavras
E acordei pensando em computador
Telefonei para a palavra orgulho
E recebi um sinal mudo
Sai de casa com a palavra raiva
E dei de cara com uma antiga namorada
Conversamos com a palavra lembrança
Como se fossemos duas crianças
Almoçamos com a palavra saudade
Contando histórias de nossa mocidade
Me despedi da palavra desejo
Com um "tchau", um abraço e um beijo
Peguei o novo número de telefone
Do termo não me decepcione
E logo passei a me encontrar
Com o termo se reencontrar
Mas no nosso encontro seguinte
Encontrei a palavra rinite
Esperei qualquer palavra saudável
Até que ela me ligou, quando estava estável
E então marcamos de sair
Prum canto que precisa se bem-vestir
Sendo que disso eu não sabia
E fui para lá de chinelo, bermuda e agonia
Rindo, procuramos um outro canto
Um que tenha as palavras simples e encanto
Achamos numa esquina do Benfica
Um barzim de palavras paz e calmaria
Fomos atendidos por um garçon simpático
De palavras careca, alegre e extremamente pálido
Sei que agora estou muito feliz
Com a palavra... como é mesmo que se diz?
Não tou conseguindo identificar
Vou atrás da palavra pesquisar,
Começando pelo computador...
Lembrei! Acordei com a palavra amor!
C. A. Ribeiro Neto
* Pois bem, se me convidaram, eu aceito o convite!
www.caribeironeto.blogspot.com
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
Boca Boa de Beijar
dentro, sua laia
é de uma tralha
sou o que trabalha
Já no fim do dia
à tarde, poesia
clarifica e é sadia
como sua companhia
Outro beijo roubado
da sua boca muito boa
desse seu jeito enjoado
soletro no céu classudo
da tua boca, um beijo sexuado
que sobe e deixa-me mudo.
PETRO.
Fortaleza, 29/09/08
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Loira-burra

quarta-feira, 8 de outubro de 2008
????
Cadê você?
De todo mundo
Em todo o mundo
Atrás da porta
Em toda porta
Por toda parte
Em toda arte
Sob a luz
Debaixo das sombras
Embaixo da unha
Os restos da noite
Dentro da boca
As sobras da vida
Que não tem mais vida
Por quê você?
MASA 19/5/8
PALHAS DO COQUEIRO
QUE ESCORRE
FAZENDO CARINHO
QUE PERCORRE
ALHEIOS CAMINHOS
NO GOZO
NO FOGO
DE MANSINHO...
MASA.
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
Reu do Rio
riscos e desatinos; a primeiriços de que torna-me no que vi.
Suspenso por entre um matagal alto, esqueço do que falo e salto para
triste olhar dispenso.
Ao que perdi meu fio da visão, vejo o que vi ao longe, numa enevoada
casa de monge atravessar os que dito um pedi.
à outra margem, soçobrando peixes, desses que deixes por ti levarem
livre na estiagem.
Oi para o que passa, com o rio embassa, eriça e sente formigar da
divisa que chega ao encontrar com o oceano quente.
Tudo o que vejo é escaldar a verdadeira chegada do alvorecer na certa
esteira parecer, aeon e pincel e ensejo.
Para o rio atravessar, conta-se quantas são as tantas mãos as quais
remam e se despedem mais que se perdem no desaguão.
E, tudo isso é infinito, Deus que os pôs à nossa vista, cousa antiga
e tão bonito.
Tudo, então que é, se é para o rio, uma mulher -- a chamo ré. Mas como
sou homem, meu abdome é só o cio para parir um rio do que ter fé.
Sou réu do rio, e não tardio a descobrir o que ele é.
Petro
Fortaleza, 11/09/08
domingo, 28 de setembro de 2008
NOITE LONGA
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
O que eu seria se não eu não fosse eu mesmo?
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
A CONDIÇÃO HUMANA - André Malraux
“Sou atirado para fora do tempo”; o filho era a submissão ao tempo, ao fluir das coisas; com certeza, no fundo, ...era esperança como era angústia, esperança de nada, espera, e fora preciso que o seu amor tivesse sido esmagado para que tal descobrisse. E, no entanto! Tudo quanto o destruía encontrava nele um acolhimento ávido. “há algo de belo em estar morto”, pensou. Sentia tremer nele o sofrimento que vem dos seres ou das coisas, mas o que vem do próprio homem e a que a vida se esforça por no arrancar; podia escapar-lhe, mas só deixando de pensar nele; e nele mergulhava cada vez mais, como se essa contemplação aterrada fosse a única voz que a morte pudesse ouvir, como se o sofrimento de ser homem, de que se impregnava até o fundo do coração, fosse a única oração que o corpo do filho morto pudesse ouvir.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
OLHA A ELEIÇÃO AÍ, MINHA GENTE!!!!!!
- Claro, meu filho, qual é a pergunta?
- O que é política, pai?
- Bem, política envolve: Povo; Governo; Poder econômico; Classe trabalhadora; Futuro do país.
- Não entendi. Dá para explicar?
- Bem, vou usar a nossa casa como exemplo: Sou eu quem traz dinheiro para casa, então eu sou o poder econômico. Sua mãe administra, gasta o dinheiro, então ela é o governo. Como nós cuidamos das suas necessidades, você é o povo. Seu irmãozinho é o futuro do país e a Zefinha, babá dele, é a classe trabalhadora. Entendeu, filho?
- Mais ou menos, pai. Vou pensar.
Naquela noite, acordado pelo choro do irmãozinho, o menino, foi ver o que havia de errado. Descobriu que o irmãozinho tinha sujado a fralda e estava todo emporcalhado. Foi ao quarto dos pais e viu que sua mãe estava num sono muito profundo. Foi ao quarto da babá e viu, através da fechadura, o pai na cama com ela. Como os dois nem perceberam o menino na porta, ele voltou para o quarto e dormiu. Na manhã seguinte, na hora do café, ele falou para o pai:
- Pai, agora acho que entendi o que é política.
- Ótimo filho! Então me explica com suas palavras.
- Bom, pai, acho que é assim: Enquanto o poder econômico fode a classe trabalhadora, o governo dorme profundamente. o povo é totalmente ignorado e o futuro do país fica na merda!!!
terça-feira, 2 de setembro de 2008
KOURNIKOVA
domingo, 31 de agosto de 2008
amar, brigar, escrever - foder
Quer dizer, bem ou mal, só sei foder.
(aluisiomartins)
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
CINEMA EM CASA
Ontem fui me divertir...pelo menos achei que seria, em tempo integral!
Mas o quê?!!
Um dos melhores e mais gostoso filme do circuitão nacional "NOME PRÓPRIO" do Murilo Salles.
E quem mais? Uma sala cheia de comentaritas e narradores. me senti vendo o filme como se fosse um "brasileirão" com direito a Galvão Bueno, Renato Marsiglia e Falcão, juntos, falando ao mesmo tempo.
Como falta educação em nossas salas de cinema! mas, também, querer o quê?
Falta na sala de estar, de jantar, no quarto, na cozinha, na escola...por que o cinema seria exceção?????
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
FLORES E FOLHAS

AQUIRY
É agosto. Tempo sem cura nem alívio. Estamos à gosto de delírio.
Eu me cobriria de silêncio se ousasse apenas um único questionamento: o que ainda não foi dito?
É por estupida surdez que ainda me insisto.
É por estoica mudez que ainda me grito.
Não conto até dez e cego e inconscientemente me repito.
Acontece que o ser humano – e talvez todo ser animado – só consiga o entendimento, a liberdade, quando se apropria dos verbos e quando expropria o pensamento. Pensamento é conjunto e portanto sempre coletivo. Para que se exista, há que se conjugar.
Desta maneira que palavras precisam e devem ser engolidas, digeridas e expurgadas depois adubando vidas, ainda que quando expelidas nunca mais serão as mesmas.
Claro que precisam ser expelidas. É aí que se adubam as existencias. Caso contrário, empedram. Engolir palavras na ponta da língua mumifca a vida. Causa alteração drástica de humores com rumores de desistência. Causam tumores a revelia dos maniqueísmos. Não importa a malignidade como coisa e fato. O fato é que essa carcomência apodrece o existir. A boca encerra, cheia de dentes fissurados, se trincando por não terem o que morder. A língua morre a míngua de excesso de escuros.
A dúvida quando nos cala à força do medo pode ser medusa terrível. Porém, nem meia duzia de versos e prosas já é sublimação consistente.
Toda essa fisiologia não é simples como parece. Os três movimentos se desentendem com frequência. Disputam nas interdependências suas inteiras independências. Estão atados mas não por gosto. Prova é que expelimos muitas vêzes vazios. Gases inócuos que advêm do oco das sensações. Noutras mal provamos do recém-dito e, como fosse pimenta braba engolida a seco, cuspimos iras, incinerando toda a chance de entendimento. Após certo tempo é que, sanada a queimadura, realizamos a maturidade sem desditos. Ou seja, memorizamos os sabores que serão utencílios fundamentais e jamais serão esquecidos.
Nessa matéria, tudo que existe se consiste de peso e medidas extremas.
Note-se o elefante maduro que com suas toneladas quânticas, paradoxalmente, dá preferência as folhas e aos frutos. Quer dizer, sabe da necessidade do equilibrio no diálogo das diferenças.
Antes do meio termo, o homem andará em meio as incertezas. Terá que provar de tudo.
(aluisiomartins)
terça-feira, 12 de agosto de 2008
O Escritor
o mal de todo artista
o bem da humanidade
escrever com vontade
Para não cair no clichê
Para não perguntarem por quê?
É preciso ser
Escritor pra saber.
Na pauta, a pena
Na voz, o poema
Na vida, a cena
Em si, este lema
Cair em si
é para o escritor
como rir
ao sentir dor
Tão leve ao vento
estão as palavras
que ao desatento
são só palavras.
11/08/08
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
A fala de quem não falha
Não escuta e já retruca. Assim é fala de quem não falha por covardias.
Ah, foi culpa do pingo que molhou fora do... Ih, deu tudo errado – vou pedir a Ele dias melhores.
Aja, mas não como a naja que se move iludida da flauta de mantras.
Aja com termo próprio.
O opróbrio é bom brio de quem ousa.
E bom brio tem bem mais que mil e uma utilidades.
(aluisiomartins)
terça-feira, 29 de julho de 2008
domingo, 27 de julho de 2008
666
DIACHO DO RIACHO
CAPIROTO SEU ESCROTO
BICHO FEIO, COISA RUIM
GRUDA NA CARNE
PULSA NA PELE
ADORNA MEU CORAÇÃO
Gente cara,
Sou mestre na arte de encompridar pavios. Decerto que guardo no sótão meus artifícios. Fogos? Preciso do que me arde.
Meu alimento é combustão. Meu querer é combustível. Os percalços? Incinero e gozo, qual imperador, a arquitetura chama nos palácios que não me cabem. Nenhum. Nada de palavras-grades que podem conter o incontível como um “eu te amo” dito pela covardia de se ser odiado.
Da matéria que prima pela arte (arte-manhã-alma-minha), verto meus derivados e causo vertigem pelo impalpável e irredutível impagável meu existir.
Palavras justapostas, justamente, ditas ou expelidas de outra forma outra, elucidam o mistério de vencimento improdutívo do vendendor vendendo vencedores natos dos nossos melhores (pro)dutos.
Oficilmente, grandiloquente levo alimento aos que têm fome e fermento aos que anseiam fama. Inchem, pobres condenados. Hei de explodí-los de tanto elogio.
Em cada cena, um anceno e outras mil mecenas despercebidas nos meios-fios deslavados da estética do bueiro que sugere mergulho sem volta.
Caso eu falasse fluente, e falo, diria que sou improvisado pelo que há de sobrevida. Pelo que ainda pode haver de sobra. Nunca abaixo disso.
Sim, sou dados aos vivos (portanto, belos) contextos.
Em todos os sentidos, sou um homem de palavras. Estas são retro escavadeiras que lavram terra nunca dantes visitadas, nem por isso inéditas. Apenas elas aram estradas para o transporte dos ensejos e semeiam desejos e vícios que teimam pela felicidade.
Sou tira-teima da prova dos mais que nove possíveis outros mais inteligíveis à mim, quem sabe.
Ninguém sabe. Nem mesmo este que, a esmo, pleiteia pulo sobre o muro de silêncio, de silício, de Berlim, de China, de bem aqui, dentro do peito.
Longuínquo, digo...
(aluisiomartins)
domingo, 20 de julho de 2008
Boa praça

Foto: Dra Aline Piol - Médica do Sertão
Por onde andam os poetas?
Em que breus moram os andaluzes cá do nordeste?
“bichos escrotos saiam dos esgotos”
Olvidamos os duelos de repentes.
De titans.
Duo elos de muitas candeias.
A dialética da fome surtada
[mais que comida ao organismo físico e tísico
Com a forma sucinta
Suscita apêndices, regurgitares, regozijares
Apendicites agudas da indigestão do umbigo
Em gestão consoante
A sugestão do Chef
[Que se prove
[Que se pague
Pelo importado
Cof, cof, cof
Nossa língua parece que engasgou no tempo
Perecemos quanto mais parecemos...
(aluisiomartins)
sábado, 19 de julho de 2008
adiVida
Todavia, nem toda via é via para se achar caminho
Em via de regra
A via mais curta encurta a vida
Quando havia outra via ainda viável
Ávida pelo viajante
que se via
No viaduto enviezado
A via sacra sacrifica a vida, saca?
Se alivia
Se alí via
Onde a via em carne viva
(aluisiomartins)
terça-feira, 15 de julho de 2008
Grão em grão
Eu já os admirava pela polidez e pelo polimento. Embora gregários, uma autonomia sutil como deve ser a liberdade – sem alarde nem oca publicidade. Decerto que, à primeira vista, causam impressão de arrogância. Até mesmo blasé. Mas não passa de ilusória impressão. Poderiam, se quisessem. Porque vivem acima das nossas possibilidades. Porque vivem abaixo com nossas impossibilidades.
Possuem arguto senso estético. Pairam somente onde as inteligências fizeram (fazem?) história. Urbanos. Não por qualidade nata. Mas por excelência. O que dizer de suas observâncias? Postados em refinados parapeitos ou majestosas sacadas, assistem, fixamente, nossas incoerências quando cuspimos nas baixelas que nos servem manjares.
Para eles migalhas. Grão em grão de ignorâncias. Nenhuma honraria. A não ser por uma já esquecida relação com a paz – cada vez mais rara entre nós.
Ao contrário de tantos que primam pelo hediondo (lucram, inclusive), estes tem almas de artistas e um profundo respeito pela história.
Casarões, monumentos e praças são predileções para os passeios matinais ou vespertinos. Nada de modernidades capitais.
Fotogênicos que são, pousam para posteridade em praças Paris, inglesas e papais. Adornam os retratos daqueles que possuem pouca ou nenhuma memória.
Trabalham gratuitamente em prol da dignificação das virtudes. Apesar de levarem a vida no bico: cartas de amores distantes ou proibidos e trevos. De quatro folhas, que se diga. Nutrem, portanto, a beleza das coisas.
Nós, em estado quase vegetativo, damos milhos aos pombos.
(aluisiomartins)
segunda-feira, 14 de julho de 2008
PÁGINAS SEM FIM
Nas páginas amarelas tem tudo que você não procura, não precisa, não quer saber.
Tem amarelo demais, preto de menos, nenhum branco, azul aqui e acolá, verde...nem pensar.
Nas páginas amarelas, de tudo um pouco, do muito, nada. Ordem analfabética das coisas desordenadas, sobrepondo-se como vespas (amarelas?) ordenadas e alfabetizadas.
Sobram números de páginas soltas na vã procura, códigos, telefones ocupados ou desculpe, é engano.
E suas digitais nas orelhas, como o livro de leitura chata do milionário operário presidente bóia-fria analfabeto imaculado e nunca, nunca, enquadrado.
MASA
8/7/8
domingo, 13 de julho de 2008
Virtualismos (reprise, mas inédita - tudo flui)
Acabaram com as caixas de correio. Conspiram contra as cartas. Sentimentos eternos para destinos estáticos que, sob vigilância feroz e angustiada, aguardam boquiabertos o seu mundo mudar.
Elas, as cartas, quando chegam, arrancam lagrimas, gritos e risos. Ouve-se músicas antigas. De fossa. De bossa. Acompanhadas por um pileque, atrasando a fome e acelerando o amanhã de manhã, que nunca chega.
Elas, as cartas, quando saem, temperam a pele com o sal que vem do mar e cozinham a pressa em banho-maria, com fogo brando que derrete, lentamente, a esperança do reencontro, e uma brisa seca o suor derramado no apelo efêmero.
Hoje, por teclas insones, se enviam palavras mudas aos endereços fúteis que, sem culpa, nem pudor, acumulam em suas lixeiras o dialeto da esquiva, dos que desconhecem as esquinas da vida, cheias de bares e brilho. Onde, pais e filhos procuram, furtivamente, o paraíso prometido, tentando fugir da nova poltrona, da velha matrona que espera, com olhos arregalados, seus pobres coitados retornarem cansados e vazios para lhes aquecer os pratos e esfriar-lhes o pranto. E, durante seus roncos, se sonha meretriz do ídolo das oito.
Acabaram com as caixas de correio.
Acabaram, severamente, com Chico e Marieta, que se amavam pelas cartas que cruzavam o atlântico, os rios, as florestas e, sempre, não importando o destino, chegavam a Paris.
Acabaram com as filhas que se perdiam no velho mundo e usavam, como desculpas, as cartas - é tudo culpa do correio mamãe. Na carta perdida está minha vida, escrita, tintin-por-tintin. Já vou me despedindo, tenho aula de artes cênicas. E, cinicamente, choravam de rir.
Acabaram com as caixas de correio.
Acabaram enfim, com a saudade que, na distância, fazia o amor ser visto mais de perto e mais bonito.
(aluisiomartins)
sexta-feira, 11 de julho de 2008
Urbe

Vejo um bando de gente-mosca transitando lixos urbanos. O caos inerente à alma de quem se alimenta de réstias. Mas há uma harmonia, ainda que sutil. Lá se vão, de ilha em ilha, de prato em prato. Rápidas e precisas. Sem abalroamentos e contusões mais graves. Estacionam somente na hora de alçar de vôo para o outro lado. Esperam a passagem dos monstros ensandecidos que seguem suas preferenciais. Elefantes histéricos e rinocerontes deslumbrados. Isso tudo compreendo. Exceto suas músicas estereotipadas. (aluisiomartins)
o apreço da arte

Decretada a greve das claquetes
O descanso das interjeições e grunhidos premeditados
Desço o palco travestido de mentiras
[e muitos dramas
Desafio o estúpido sorriso
congelado na cara do expectador
que anseia a queda
A arte
[caríssima
vive nos poros
dos lixos esquecidos
dos becos e sinistros
dos leitos
Terminais das estações sem termo
[sem teto
Nas latrinas magras dos botequins
que revelam os hábitos e restos
[miseras vidas
Funestos adubarão a terra seca
Bem mais e melhor que suas sucatas inúteis
Nos charmosos recantos
choram as academias
[desentendem a paisagem
do bizarro aquário onde se diz:
Não dê comida aos macacos.
(aluisiomartins)
terça-feira, 8 de julho de 2008
Ingmar Bergman
Estou re-lendo Vida de Marionetes de Ingmar Bergman. Livro-roteiro dando continuidade de vida ao casal de Cenas de um Casamento. A dor de se viver a dois. Um pacto de solidão e ódio disfarçado em silencio.
Entenda-se por esse ódio algo mais além e profundo que raiva ou qualquer emoção rompante. Nada disso. Quase tão forte quanto o desprezo. Daí um amor profano. Quem não sentiu ódio de Deus por tanta indiferença, por vezes? Todos podemos matar? Inclusive e principalmente a quem mais amamos. Basta plantar a semente da imagem crime-castigo e, brevemente, nasce um plano incoercível, portanto, vital. À somente um, que se diga. Dado que é plano de morte do outro. É como queima de arquivo que tanto acontece por aí. Conhece meus segredos e corro mui provável risco de infâmia.
Antes escolher a viuvez que soa tão digna e inerte de máculas que o eterno retorno do não. Desde criança implantado na ex-futura coragem de ser.
Bergman não se conformou em deixar a velhice se empanturrar de dias inóspitos. Foi providencial. Bergman foi Deus. Como somos todos. Genitores de inúmeros destinos. (aluisiomartins)
Mãos de fado - aluisiomartins
Desde em tenra idade já me sabia um nostálgico incurável. E pior: sem encontros concretos, do tipo que nos chegam indiscutíveis e não nos chagam indeléveis. É óbvio que, de certa forma, para mais ou para menos, é a assim que corre o rio do viver humano, em geral. Mas meu caso é mais crônico – fui embevecido em tonéis e mais tonéis de utopias e poesias. O lirismo me persegue desde então. Tanto mais no ritmo solene, austero, condolente, até. É bem possível que antes, em outras encarnações, eu tenha sido um daqueles que sonhou, sonhou, sonhou e se afogou em lìquidos de sentimentos.
Hoje, sou um praieiro que evita o afogamento temido, molhando levemente os pés n’água. Claro, existe ainda o risco iminente de Tsunami me atingir em cheio. Mesmo vivendo nestas bandas secas. Porém isso é coisa pouca, miúda mesmo, para quem já vive sob os caprichos da lua.
O negócio é que quando escuto, seja uma voz interior, seja um canto místico acompanhado de um violão, fico completamente sem rumo. Desnordesteado. Dou-me o direito ao neologismo. Não há o desnorteado? Ora mais... Bem, nessas horas as glândulas responsáveis pela produção de sede e lágrimas começam a trabalhar em ritmo frenético. Fico mareado e bamboleio atrás de um molejo ou uma cadeira que se faça de colo ao filho perdido. Daí em diante meu destino está traçado: mais uma noite nos braços da eterna jovem e sedutora madrugada. Essa moça que sempre se renova, pois dorme, invariavelmente, logo que o sol dá vistas de que está surgindo e só acorda quando seus amantes já lhe cantam, mais em versos que em prosas, para que nunca mais os deixem sozinhos, sem amor.
Não se trata da solidão física, percebam. Nunca se está sozinho quando se tem amor para dar. Encontrar o objeto deste amor é uma outra estória. Porque para nós, nostálgicos, ele (o amor) nunca se encerra, nunca se sacia e nunca mesmo se suicida. Senão não seria nostalgia e sim assassinato ao bem maior que é a vida que, para seres como nós, é um detalhe muito relevante para que possamos gozar de nossa natureza rara.
A alma é maior que a casa que nos carrega – o sentimento de aperto é inevitável. O mundo é bom! Nós sabemos disso melhor que ninguém. Tanto que a nossa medida maior é a intensidade e não o tempo. E mesmo quando ruins tais sentimentos, ainda assim é maravilhoso sentirmo-nos, como diria? Nostálgicos, isso. (aluisiomartins)
segunda-feira, 7 de julho de 2008
Relação passada à limpo

Dove, que fora sempre muito polido, agora, espumava-se de raiva.
Nívea lhe dizia: mesmo que eu perca minha reputação, você não tardará em lamber meu corpo. Não fizeste economias em me prometer que contigo eu seria uma rosa perfumada. Vai ter que afundar comigo. Nívea vociferava, enquanto enchia a banheira.
Dove: terei culpa se te iludiram? Tua pele, por acaso, enruga por minha causa? Nunca falei que sanaria os acidentes de tua vida e cobriria tuas lacunas, tão evidentes. Não me quer? Jogue-me no lixo.
Nívea: você é igual a todos: um covarde! Já fala em me abandonar? Sei bem qual o teu plano: quer me ver na lama para que, em seguida, eu recorra aos teus serviços. Você fede. Suja-me! E pensar que eu me abri inteira...
Dove: e você, puritana? O que faz por mim? Só me critica...
Nívea: não fosse por mim você morreria largado num canto qualquer. Vencido! Já nasci cara. Não preciso me promover! Dou-me o devido valor. Meu erro foi dar ouvidos a minha vizinha, Vinólia, que falou que tu estava dis-pu-ta-dís-si-mo. Você não vale o que pesa. Morra, desgraçado!
E Nívea afogou-o, sem piedade. De Dove só se ouviu interjeições ininteligíveis - glup...
(aluisio martins)
quarta-feira, 2 de julho de 2008
amor errante

Indepentemente de precipícios ou profundezas serei errante.
Amar é uma estrada sem retornos.
Há que alimentar-se de tudo, até que se descubra o que nutre e o que mata.
Não foi assim que muitos alimentos foram descobertos? Como terá sido a descoberta da mandioca braba como alimento?
Foram necessários sete dias de cozimento em fogo alto para que se comesse dessa iguaria sem o fim instantâneo.
No primeiro dia, um infeliz deu-lhe uma mordida e batata: ta lá um corpo estendido no chão. No segundo, alguém pensou em ferver e ferveu. Quem se arrisca? A curiosidade mata e matou – mais um. Isso, sucessivamente, até o sétimo dia – e Ele já podia descansar. Nenhuma alma penada, desde então, foi para além (ou aquém) por ter ingerido a mandioca que não era mais braba assim.
Todos mataram o que estava lhes matando - a fome. (aluisiomartins)
segunda-feira, 30 de junho de 2008
ANA BODANSKI OLHOS E SORRISO
TEMPO PASSE
MIL VEZES MAIS VELOZ
NADA MUDA
NA ESPERANÇA
DE COLAR MEU
CORPO NA TUA
VOZ
ASSIM
COMO O
ESPINHO
DA ROSEIRA.
quinta-feira, 26 de junho de 2008
Má Sorte
está atravessando o lado
para quem estiver no chão
não esquecer para que fado
esquecer que essas linhas
são tão tuas quanto minhas
tirando a sorte, descobri
o que sem fragor era insistir
nas tantas voltas que o mundo dá
o quadro se forma sem fim
do pintor é enquadrar
o remédio dum dia ruim
assim seguindo as regras só se é
enquanto quebrando e dar no pé
é mais ou menos de mim
essa história de apostar tudo
só dá certo com reserva
do outro canto me conserva
inteiro o azar de todo mundo.
PETRO.
quarta-feira, 25 de junho de 2008
Dia útil

Era uma vez, numa linda tarde de verão, um homem muito trabalhador que ao retornar de sua labuta na grande cidade, tomou um refrescante banho, sentou-se em confortável assento e se pôs a imaginar...
O pragmático
Enfim , dever cumprido. Fiz parte da grande máquina. Servi de engrenagem fluídica e, por vezes, motriz ao rumo necessário. Deito com jus em noite serena. Boa noite querida e beijo-lhe a testa, pois, amanhã, o dever, certamente, me chamará.
O matemático
Foram quase trezentos quilômetros percorridos em média velocidade onde o termo é bem medido pela vista macroscópica das possibilidades. Na metrópole descendente os fatos contam-se em parábolas. Provavelmente, duas mil pessoas dedicarão duas horas ao infinito discurso. Duas horas. Uma fração diante do peso das vinte e quatro que não durarão, de certo, mais de cinco décadas. E olhe lá! Dei-me ao limite. Arquiteto fórmulas precisas a me verter em cones e vértices.
O político
Mesmo em meio aos obstáculos, levei alento aos famintos de sonhos. Lutei com bravura e mérito para que as promessas se cumpram solenemente. Ainda houve aquela pobre criança que levei ao colo. Fui às lágrimas porque luzes me ofuscavam. Esse mundo tanto precisa de mim. Será que ouvi palmas?
O idealista
Ah! Como o ser humano carece de alimento no sentido mais holístico que se possa pensar. E pensar que se investíssemos na educação, formal e complementar, haveríamos de reparar a vertigem da ganância humana. Vejo algum bom exemplo passando na telinha. Com meio dedo (de prosa) o presidente jurou acabar com a fome. Já está na hora de jantar porque saco vazio não se põe de pé. A luta continua!
O idiota
Olha só, quanta menininha gostosa. Só pitel... Eu aqui, de carrão, vim da Aldeota e vou me dar bem. Como será que está meu cabelo?
O poeta
Quanta desventura. Mundo miserável esse. Não passo de um covarde. Vou criar vergonha na cara e largar tudo. Vou ajudar essa gente. Vou escrever para o jornal: Somos tantos quais flores atoladas no asfalto movediço. Pavimentação? Melhor genocídio. O rolo compressor une o homem à lama. Endurecido. Mudo. As Rosas? Essas falam: quem exala – e mal – é o canalha constitucional . Vida, bela bosta! Vou tomar mais uma cachaça (... e esquecer de tudo. As dores do mundo...).
Eu
Cuidado! Um rato...Aluisio Martins
terça-feira, 24 de junho de 2008
Carcará. Pega mata e come...
Pertenço ao desmando do mundo sem exclamação e interrogando o presente que naufraga ancorado num ponto ululante mais incerto sem virgula e sequer sentimento coerente no desvario latente que atropela o ofegante por tentar alcançar a margem outra bipartida pela corrente-lava que leva minha resistência em existir no abrigo de janelas bucólicas e parapeitos simplórios sempre apontando as recordações ingênuas cultivadas no jardim dos prudentes já indiferentes às agruras e um bolor de angú(o)stia que vai anginando flagelos precoces no peito infante do medo do farto e corrupto infarto a-sustar cegos inúteis defronte aos semáforos desprovidos de sincronia e indulgência pública por esperar o trem da morte e atrasar o mínimo-máximo pão surrado e acre sob as axilas da infâmia louca e montada no púlpito para os discursos eruditos inaudíveis para pés rotos exibidores da frieira típica dos estéticos da fome das ongs-carcarás sem labuta digna de perdão reticente mas sempre abundando na fruição das reticências e mais reticências...
aluisiomartins
segunda-feira, 23 de junho de 2008
quarta-feira, 18 de junho de 2008
terça-feira, 17 de junho de 2008
HOJE
Hoje eu acordei nu.
Bem estrito.
Nu.Longe.
Seco.
Nu.
De tudo.
Nem sabia porque usava aquela roupa, aquela máscara, aquele sonho.
Afinal, estava nu.
MASA
domingo, 15 de junho de 2008
TPM do mal
Parte de mim lacrimeja
Molhando meus sonhos pelas tuas partidas ao vento...
MASA
sexta-feira, 13 de junho de 2008
A Ilusão
como uma vaga luz de lamparina
segue-se da branda flama
sorri quando nos falta
[alegria.
Só uma pessoa, Ó poesia
sensível, sim; ela poderia
Obscurecer essa lâmpada,
somar ao fogo a lama.
E, dentre indas e vindas
solucionar a soberana,
balbuciada e estonta,
essa pessoa é a qual canta
[a Ilusão.
Boa de ser vista tanto ao verão
como bulímica, ao esfriar:
a bituca jogada ao ar
é seu nome esperança, supetão.
sobarando a nós, filhos do
[fogo
uma breve prece e muito rogo.
Fortaleza, 07/06/2008
terça-feira, 10 de junho de 2008
segunda-feira, 9 de junho de 2008
sábado, 7 de junho de 2008

Inteligentes os burros da minha cidade.
Desafiam as pistas cheias de jumentos blindados.
aluisiomartins
São tantos os carros, carros, carros
Nos custam tão caros, caros, caros
Deixam o mundo aos cacos, cacos, cacos
Os pássaros que eram calmos, calmos, calmos
Hoje já são raros, raros, raros
Motoristas entopem os ralos, ralos, ralos
Desmentem seus falos, falos, falos
Pedestres em pânico calvos, calvos, calvos
Progresso criando calos, calos, calos
Corações se vestindo de cactos, cactos, cactos
Civis servis engrossando caldos, caldos, caldos
Sonhos morrendo castros, castros, castros
Monstros plantando mastros, mastros, mastros
Crianças pedindo pratos, pratos, pratos
Ricos contraindo infartos tão fartos, fartos, fartos
Traindo contratos em maus tratos, tratos, tratos
Pobres lhes causam ascos, ascos, ascos
aluisiomartinsQuem dá mais?
Quem comprou minha alma de Maria? O pai vendeu-me o corpo, santo. Mas não vedou-me do pecado. Sou Maria, bem cheia de graça. Posso ser comprada nas praças e avenidas durante penitências noturnas. Na desgraça, pensei em vender a alma ao Diabo. Já comia do seu pão – duro e pisado. Recebi muita oferta. De toda sorte. Até oferendas e fitas do Nosso Senhor... Não fiz pacto. Paguem e levem meu corpo de fino-trato. Eu, Maria, mulher fácil? Fácil é homem que cai no meu rebolado. O padre também me quer? Conheço tua missa, covarde. Eu dou... E que Deus me pague! Mas alma de Maria não se vende. A quem interessar: que me desvende.
(aluisiomartins)
quarta-feira, 4 de junho de 2008
terça-feira, 3 de junho de 2008
noite fúnebre
Houve mais uma vítima de atropelamento nesta última noite. Faleceu no mesmo instante sem tempo possível para socorro. Seu corpo foi completamente esmagado, deixando seus restos espalhados pelo chão, o que causou grande choque àqueles que testemunharam o acidente.
O causador dos destroços foi levado para inquérito e, ao prestar depoimento, declarou ser inocente, alegando que retornava de um bar onde estava bebendo na companhia de mais três amigos, por volta das quatro da madrugada .
Ressaltou que não houve tempo para desviar ou mesmo parar porque a vitima atravessou seu caminho correndo sem se dar conta de sua existência. "Na pressa fisiológica passava apressadamente pelo estreito corredor e ela, simplesmente, se jogou sob os meus pés".
Os familiares da barata não quiseram se pronunciar a respeito. O homem que a matou está inconsolável e se comprometeu a indenizar – fez juras de nunca mais limpar sua casa e que deixará sobre a mesa todos os restos de comida até o dia de sua morte.
Agora, neste exato momento, há um cortejo fúnebre formado por formigas e um grande velório acontece no salão com todos os presentes enlutados, vestidos de preto.