segunda-feira, 30 de junho de 2008

ANA BODANSKI OLHOS E SORRISO

AINDA QUE O
TEMPO PASSE
MIL VEZES MAIS VELOZ
NADA MUDA
NA ESPERANÇA
DE COLAR MEU
CORPO NA TUA
VOZ
ASSIM
COMO O
ESPINHO
DA ROSEIRA.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Má Sorte

Entrando pelo seu portão
está atravessando o lado
para quem estiver no chão
não esquecer para que fado
esquecer que essas linhas
são tão tuas quanto minhas
tirando a sorte, descobri
o que sem fragor era insistir
nas tantas voltas que o mundo dá
o quadro se forma sem fim
do pintor é enquadrar
o remédio dum dia ruim
assim seguindo as regras só se é
enquanto quebrando e dar no pé
é mais ou menos de mim
essa história de apostar tudo
só dá certo com reserva
do outro canto me conserva
inteiro o azar de todo mundo.


PETRO.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Dia útil



Era uma vez, numa linda tarde de verão, um homem muito trabalhador que ao retornar de sua labuta na grande cidade, tomou um refrescante banho, sentou-se em confortável assento e se pôs a imaginar...

O pragmático

Enfim , dever cumprido. Fiz parte da grande máquina. Servi de engrenagem fluídica e, por vezes, motriz ao rumo necessário. Deito com jus em noite serena. Boa noite querida e beijo-lhe a testa, pois, amanhã, o dever, certamente, me chamará.

O matemático

Foram quase trezentos quilômetros percorridos em média velocidade onde o termo é bem medido pela vista macroscópica das possibilidades. Na metrópole descendente os fatos contam-se em parábolas. Provavelmente, duas mil pessoas dedicarão duas horas ao infinito discurso. Duas horas. Uma fração diante do peso das vinte e quatro que não durarão, de certo, mais de cinco décadas. E olhe lá! Dei-me ao limite. Arquiteto fórmulas precisas a me verter em cones e vértices.

O político

Mesmo em meio aos obstáculos, levei alento aos famintos de sonhos. Lutei com bravura e mérito para que as promessas se cumpram solenemente. Ainda houve aquela pobre criança que levei ao colo. Fui às lágrimas porque luzes me ofuscavam. Esse mundo tanto precisa de mim. Será que ouvi palmas?

O idealista

Ah! Como o ser humano carece de alimento no sentido mais holístico que se possa pensar. E pensar que se investíssemos na educação, formal e complementar, haveríamos de reparar a vertigem da ganância humana. Vejo algum bom exemplo passando na telinha. Com meio dedo (de prosa) o presidente jurou acabar com a fome. Já está na hora de jantar porque saco vazio não se põe de pé. A luta continua!

O idiota

Olha só, quanta menininha gostosa. Só pitel... Eu aqui, de carrão, vim da Aldeota e vou me dar bem. Como será que está meu cabelo?


O poeta

Quanta desventura. Mundo miserável esse. Não passo de um covarde. Vou criar vergonha na cara e largar tudo. Vou ajudar essa gente. Vou escrever para o jornal: Somos tantos quais flores atoladas no asfalto movediço. Pavimentação? Melhor genocídio. O rolo compressor une o homem à lama. Endurecido. Mudo. As Rosas? Essas falam: quem exala – e mal – é o canalha constitucional . Vida, bela bosta! Vou tomar mais uma cachaça (... e esquecer de tudo. As dores do mundo...).

Eu

Cuidado! Um rato...


Aluisio Martins

terça-feira, 24 de junho de 2008

Carcará. Pega mata e come...



Pertenço ao desmando do mundo sem exclamação e interrogando o presente que naufraga ancorado num ponto ululante mais incerto sem virgula e sequer sentimento coerente no desvario latente que atropela o ofegante por tentar alcançar a margem outra bipartida pela corrente-lava que leva minha resistência em existir no abrigo de janelas bucólicas e parapeitos simplórios sempre apontando as recordações ingênuas cultivadas no jardim dos prudentes já indiferentes às agruras e um bolor de angú(o)stia que vai anginando flagelos precoces no peito infante do medo do farto e corrupto infarto a-sustar cegos inúteis defronte aos semáforos desprovidos de sincronia e indulgência pública por esperar o trem da morte e atrasar o mínimo-máximo pão surrado e acre sob as axilas da infâmia louca e montada no púlpito para os discursos eruditos inaudíveis para pés rotos exibidores da frieira típica dos estéticos da fome das ongs-carcarás sem labuta digna de perdão reticente mas sempre abundando na fruição das reticências e mais reticências...

aluisiomartins

segunda-feira, 23 de junho de 2008


ELA

23/6/8


ela canta

ela dança

ela usa

ela abusa

ela me pisa de bota

ela me ama, nem morta...

ela derruba minha porta

ela colore meus sonhos

e embala meus lábios

com suas canções de amor e loucura

Carol, Filomedusa.


MASA

quarta-feira, 18 de junho de 2008



Das armadilhas do espírito.



Um mestre cantador...

A evocar

O lamento agreste

do o índio na aldeia

feito criança no mar...


Um filho do vento...

“Alma” de arribação

Num choro saudosista

Arrilia

Seu violão.



Renata Holanda



Mestre RIbeiro ... escute ...
http://br।youtube.com/watch?v=4tKXJaN1IsM


terça-feira, 17 de junho de 2008

HOJE

15/6/8

Hoje eu acordei nu.
Bem estrito.
Nu.Longe.
Seco.
Nu.
De tudo.
Nem sabia porque usava aquela roupa, aquela máscara, aquele sonho.
Afinal, estava nu.

MASA

domingo, 15 de junho de 2008

TPM do mal

Tem dias em que
Parte de mim lacrimeja
Molhando meus sonhos pelas tuas partidas ao vento...

MASA

TPM do bem

Todo
Poder às
Mulheres

MASA

sexta-feira, 13 de junho de 2008

A Ilusão

A esperança, essa dançarina
como uma vaga luz de lamparina
segue-se da branda flama
sorri quando nos falta
[alegria.

Só uma pessoa, Ó poesia
sensível, sim; ela poderia
Obscurecer essa lâmpada,
somar ao fogo a lama.

E, dentre indas e vindas
solucionar a soberana,
balbuciada e estonta,
essa pessoa é a qual canta
[a Ilusão.

Boa de ser vista tanto ao verão
como bulímica, ao esfriar:
a bituca jogada ao ar
é seu nome esperança, supetão.

sobarando a nós, filhos do
[fogo
uma breve prece e muito rogo.


Fortaleza, 07/06/2008

A Ilusão

terça-feira, 10 de junho de 2008

10/12/8

Corto reto pela vala
Rumo incerto ao esgoto
Na pele, o Capiroto,
Cheio de fantasmas...
Caio fundo na lama
Respiro, mente insana
Risco o peito com o fogo
Rasgo a carne
Vomito a fama...


“Hoje eu to com o Cão nos couros...”

MASA

segunda-feira, 9 de junho de 2008

AO BERNARDO PEREIRA



B ONITO COMO O QUÊ!


E LE VEIO ILUMINAR.


R AZÃO DE TODO VIVER,


N ADA A SE COMPARAR.


A MOR PARA TODA VIDA


R ISONHA FLOR DO DIA


D OU MEU SANGUE


O NTEM, HOJE, AMANHÃ, SEMPRE.

sábado, 7 de junho de 2008


Inteligentes os burros da minha cidade.

Desafiam as pistas cheias de jumentos blindados.

aluisiomartins

São tantos os carros, carros, carros

Nos custam tão caros, caros, caros

Deixam o mundo aos cacos, cacos, cacos

Os pássaros que eram calmos, calmos, calmos

Hoje já são raros, raros, raros

Motoristas entopem os ralos, ralos, ralos

Desmentem seus falos, falos, falos

Pedestres em pânico calvos, calvos, calvos

Progresso criando calos, calos, calos

Corações se vestindo de cactos, cactos, cactos

Civis servis engrossando caldos, caldos, caldos

Sonhos morrendo castros, castros, castros

Monstros plantando mastros, mastros, mastros

Crianças pedindo pratos, pratos, pratos

Ricos contraindo infartos tão fartos, fartos, fartos

Traindo contratos em maus tratos, tratos, tratos

Pobres lhes causam ascos, ascos, ascos

aluisiomartins


Quem dá mais?

Quem comprou minha alma de Maria? O pai vendeu-me o corpo, santo. Mas não vedou-me do pecado. Sou Maria, bem cheia de graça. Posso ser comprada nas praças e avenidas durante penitências noturnas. Na desgraça, pensei em vender a alma ao Diabo. Já comia do seu pão – duro e pisado. Recebi muita oferta. De toda sorte. Até oferendas e fitas do Nosso Senhor... Não fiz pacto. Paguem e levem meu corpo de fino-trato. Eu, Maria, mulher fácil? Fácil é homem que cai no meu rebolado. O padre também me quer? Conheço tua missa, covarde. Eu dou... E que Deus me pague! Mas alma de Maria não se vende. A quem interessar: que me desvende.

(aluisiomartins)

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Vamos tomar umas e outras?


30/5/8


Caninha na chuva


Pinga, pingo.

Pingo, pinga.

Pinga pinga.

Pingo pingo.

Pinga pingo de pinga.

terça-feira, 3 de junho de 2008

noite fúnebre

Houve mais uma vítima de atropelamento nesta última noite. Faleceu no mesmo instante sem tempo possível para socorro. Seu corpo foi completamente esmagado, deixando seus restos espalhados pelo chão, o que causou grande choque àqueles que testemunharam o acidente.

O causador dos destroços foi levado para inquérito e, ao prestar depoimento, declarou ser inocente, alegando que retornava de um bar onde estava bebendo na companhia de mais três amigos, por volta das quatro da madrugada .

Ressaltou que não houve tempo para desviar ou mesmo parar porque a vitima atravessou seu caminho correndo sem se dar conta de sua existência. "Na pressa fisiológica passava apressadamente pelo estreito corredor e ela, simplesmente, se jogou sob os meus pés".

Os familiares da barata não quiseram se pronunciar a respeito. O homem que a matou está inconsolável e se comprometeu a indenizar – fez juras de nunca mais limpar sua casa e que deixará sobre a mesa todos os restos de comida até o dia de sua morte.

Agora, neste exato momento, há um cortejo fúnebre formado por formigas e um grande velório acontece no salão com todos os presentes enlutados, vestidos de preto.

aluisiomartins