segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

LONGE

"As horas que nos separam,
Com seus infindáveis minutos,
Povoam minha insanidade de imorais apelos.
E o canto de sereia
Que é a sua risada
Ecoa pelos salões das lembranças
Zunindo os cristais dos beijos que agora não te dou.
Consolo é deitar ao lado do vulto de perfume
Deixado na tarde soturna de amor e sonhos...
Quero acalmar seus dedos em agonia
Afogar sua insegurança com minhas asas de liberdade
Para alçarmos vôos de plenitude desse amor
Que nasce na penumbra da dúvida..."

“mas as sereias têm uma arma muito mais terrível que seu canto: o seu silêncio. – Franz Kafka”

MASA -

domingo, 28 de dezembro de 2008

Quero construir um abrigo
mas não por isso brigo
amar é tão infinito
Sinto cheiro de sorriso
Fingido loucura de tímido
De tal maneira que não grito
Sou seu homem, decerto
Monumento inconcluído
Sem ela viro um deserto
Morro do que não sinto
A poesia me chama mais perto
Com ela pareço bonito
Deixemos tanto asfalto concretro
Diz chega ao que está nos partindo
Corpos celestes no espectro
As nuvens vão sempre despindo
Agora que tudo é incerto
É certo que estamos sorrindo
(aluisio martins)

ELA



veio passando
não consegui desviar
parecia a maresia
a flor do luar
e assim fica
vem
volta
olha
ri,
esmaga
dentes
tudo...
tudo...
SEM VOCE NAO TEM GRACA!

sábado, 27 de dezembro de 2008

Temo tua dominação, Ó liberdade
de ser como um nó no peito
sempre pedindo de nós mais

Tudo é surpreendente e demais para mim
temática, essa mesa é pensada
e também os anéis que a cobrem
com a luz que pela janela entra

Fascínio e um jeito só dela
as fatoriais e a cadeira
onde sento e de onde vejo

Todos esses bulímicos prazeres
são menos e mais com a hora
e tangem por certo os medos.

Petro.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

RASTRO


ELA PASSA EMBAIXO DA MINHA JANE

LADEIXA SEU RASTRO

DEIXA MINHA JANELA SEM PAISAGEM

PORQUE VAI EMBORA

PELA RUA ESCURA

PELO MEIO DA RUA ESCURA

PELA SOMBRA MOLHADA DA RUA ESCURA

SEM OLHAR PRA CIMA

SEM DIZER ADEUS...

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008


MADONNA MIA


E VOCÊ LÁ

BANHO DE CHUVA

BEIJO SUADO, SEM LUAR

E NÓS DOIS LÁ

BANHO DE LUA

BEIJO MOLHADO, SEM SUAR

E EU LÁ...

EM VOCÊ...

POR VOCÊ...

COM VOCÊ...

sábado, 13 de dezembro de 2008

YESTERDAY

Yesterday...
Yesterday nunca volta. Nunca!
Como parece estar bem ali, tão pertinho, quase que tocado, a gente pensa que ele vai dar uma colher de chá.. Talvez uma outra chance...
Que nada!Nunca houve esse retorno.
E tanto que os físicos estudaram...Tadinhos...
Por mais que se espere, por mais que se sonhe, por mais que se me arrependa...
"Quem espera nunca alcança."
Um cavalo em galope só se tem uma chance de agarrá-lo e se você não o faz, meu filho...Já era! Talvez ele nunca passe de novo . E se passar, você teve sorte dobrada ,então corra atrás!E assim que acontece...Caso contrário, nada de arrependimentos ou de "ses"!
Fica apenas um grande e doído yesterday.Aquele prá Cinderela alguma encontrar senão. E muito menos príncipe, que no caso, dessa estorinha que vou contar, não tem nada de encantado. É bem real, muito real, até demais da conta!
A moça aprendera fora de época o que só servira em um longínquo passado careta de avós...
E, olhe, que o tal príncipe bem que fez o papel dele. Mesmo pouco à vontade, sendo ele um tanto moderno para o gosto e sonho dela, perdeu muito do seu tempo. Sabe-se lá porque...O amor era forte , parece, e isso contou à favor.
Só que quem espera também cansa.
Ela assustou-se com os "arroubos" do príncipe muito bonito mas nada encantado e embora gostasse bastante de sentir-se amada e desejada retraiu-se. Várias vezes. Embora fosse louquinha por ele...Parece que a coisa era mútua , né? Ela, entretanto precisava de mais tempo e ele achava que já tinha dado demais.
E, é claro, desistiu.Caiu fora. Foi embora.
Ela, depois de tanto pranto resolveu "viver", viajar, conhecer outros cantos...Arrumou pretextos. Namorou outros príncipes, muitos sapos mas nunca esqueceu"aquele"príncipe...Brincou, vamos dizer assim, muito superficialmente sem a menor vontade de esquecê-lo. Guardando-se para aquele "grande amor" !
E querendo voltar... Sempre.Esperando. E voltando. Ele, por sua vez, nada dizia quando seus olhares por acaso encontravam-se.
Dessa vez, ela desistiu.Aos quase trinta, jogou fora da maneira menos romântica possível o símbolo de uma prisão do que poderia- ou não-ter sido um grande amor. E tornou-se uma mulher. Quando já o era ou poderia ter sido há muito tempo. Ele sentiu. Ela também.
O tempo perdido. E à toa.
Ah...Só rindo mesmo...Debochando!Mas a estória fica bem longe de um americanizado final feliz. É claro,óbvio, e inevitável.
Um acidente de carro...
Ela casou pouco tempo depois. Quase disse "não" na hora não esperada. Como era bem próprio dela desde então. Revoltou-se, afinal. Com ninguém. Com ela mesma. Mas convenientemente como lhe foi transmitido cumpriu seu papel.
Se é feliz, até hoje não se sabe.Importa?A vida continua. Sempre . E não como num conto de fadas.Somos, de fato, um punhado de "poeira de estrelas"- perdidos nesse mínimo universo.(?)
Existimos???
O ontem é também hoje, só que amanhã. E não é propaganda de bebida não...
Ou Ontem é o ontem ontem mesmo...Parece que apenas o presente não existe.
Por que nos preocupamos tanto com ele? Ele é tão rápido! Já foi? Um ponto eu já coloquei...De interrogação. Agora final.
Ficam como lembranças, com alguma dor porque o tempo( e não o príncipe, que já morreu há muito tempo) embora "adormeça as paixões" ,de quando em quando elas não obedecem e ressuscitam - como Nana canta tão bem em "Resposta ao Tempo" de Aldir Blanc e Cristóvão Bastos.
Só que agora , "dears", deu vontade de cantar baixinho uma outra grande canção...
"Yesterday, all my troubles
seems so far away.
Now it looks as though
they're here to stay.
Oh, I believe in yesterday.
( ... )
Yesterday, love was such
an easy game to play.
Now I need a place to
hide away.
Oh, I believe in yesterday...
"Fico por aqui! Beijos!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

DEVIR


Fora acometido do mal de antever. Uma chaga que chega antecipada ao acontecido. De forma que não se dava mais ao trabalho de vivências. Surgiu-lhe um pequeno cachorro à porta: tinha nos olhos uma carta de adoção convicente. Como se apiedar do que se vai morto no dia 15 de agosto de 2010, à noite, após três dias imóvel e sangrando, com grunidos que mais pareciam miados de um gato que voz canídea? Ao que muitos poderiam julgar como dádiva, a luz de tudo que passa ou virá, ele se insatisfazia, se não tomava sustos, menos recebia surpresas. Lá vinha a moça, linda que parecia, bem podia nutrir sentimentos e astrologias. Mas para que? Seria tão somente o comprimento do cumprimento e resignações excludentes, até que só sobre o amor ao que não foi. Projeção sobre pano que se desgasta à olhos vistos. Velocidade não-tempo ultrapassa a barreira do silêncio. Daí que deteriora o diálogo antes mesmo da carne putrefata de senão. Esse é o preço do olho gordo de definhar simplicidade. Tudo o que estava lhe jazia há tempos. Dar, então, sem saber no que vai dar. Porém sabia e doia saber-se iluminado em meio ao breu, cheio de si. Orgulho besta por pequeno saber. Vaidade lhe prova que a estima está mais longe. Quanto mais brio, mais por um fio, o entendimento. Não, disso estava curado além do necessário. Tanto além que o remédio virou veneno e morrerá por um excesso de saúde que não nos cabe. E mesmo que coubesse, ninguém, cá embaixo do sol, merece. Bem sabe do dia da sua partida e o diagnóstico-causa: falta e não unicamente de ar. Rarefeito sopro de apagar velas em celebração dos presentes e ausentes. Queria mesmo que algo lhe aturdisse. Num determinado dia, planejou contrair um vírus dado como fatal, passou dias sem alimento, obrigou-se de proibido e foi ter com ele, o vírus. Nada. Sua imunidade estava aumentada por desistências ou nenhuma comoção-empolgação que causa desritmia e febre dos pulsos. A moléstia já tinha vacina guardada na aorta. Suspeitou que sua idade fôra mal contada. Sentia a juventude de quem ultrapassou três séculos. Quando se vai por um século, no primeiro, ainda se está frágil por desconhecimentos e esforço vão de ciências. Que pesadelo a imortalidade. Elas vão e voltam e quanto mais se vão, mais se voltam estupidificadas. Nada aprendem? Como reter uma imagem quando esta é sua imimiga mor? Dom de mau gosto. Melhor se capaz fosse de congelamentos. Bem podia ter um poder de Medusa evoluída. Pare! Todavia não seja estático porque é estúpido tudo que se imobiliza ou brinca de inerte como um boneco de neve, por exemplo. Desistiu também das fotografias e das letras. Ambas eram carcomidas pelas traças e os traços irreconhecíveis que restavam desenhavam monstruosidades. Olha, essa é minha amada ou será um onitorrinco? No verso deveria estar escrito “sorrindo na sacada”, mas lia-se, agora, “so...indo...n...ada”. Típico de initeligências. Ainda chamam de enigmas. Mistérios são coisas de quem vive de mortes alheias - um peixe endurecido na pedra, um feixe que rasgou o céu. Animais ou anjos sem ânimas, tanto faz. Tudo se ex-vai. Iria e não foi miléssimo do que planejava. Estar acordado era a pior forma de se dormir porque mais enfadonho, mais visível. Não fosse o tamanho escrúpulo estaria rico vendendo prognósticos infalíveis. Do mesmo modo, levaria todos ao suicídio. Quem quer saber? Melhor que creiam na eternidade do momento. Ele se compraz em espreitar os casais em juras. Felizes para “sempre” . Amém. (Aluísio Martins)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Torna o Trôpego

Como foi de se saber
Cair sem perceber
Salvar, ser e fazer
Ninguém sabe aprender

Montado em seu escrever
Alísio como tem de ser
Tosado e um tarde correr
Enamorado do entardecer

Timbrado, tristonho viver
Tudo termina em parecer
A agonia mente sem ver

Do seu agoniado o emudecer
Buscando em algo morrer
Seu fim e seu bel prazer.

Petro.


Guardei o cheiro da pele-gozo no lençol de meses e meses não dormia outra. E fosse outra já não seria. Tinha que ser “Ela” e não “Outra” que significa uma substuição ou reserva na escala do sentimento. Isso não faria. Ela ainda não houve em sua totalidade. Somente fragmentos daquela respingou no lençol. Esta sim, imortal, posto que ninguém a chama. A ardência é uma aderência sem endereço fixo. Em quem reside? Muitas preferem ser desejadas a amadas, sem saberem que se trata de uma coisa só, dependendo da ordem dos sentidos para não desordenar o espírito metafísico. A prova comprova milênios obscurecidos sob um véu que não vela, um tolo desejo de permanência. Hoje é dia implacável de lavanderia. A lavanda de nossos olores exprimidos no pano que deitamos será misturada ao sabão barato que antes foi assepsia de ratos e-laborados. O cheiro não se perde, mas seguinte alquimia o deixará tão longe da memória. Dois em mim deflagram: um apela que não se faça tamanho crime. Detenham-no, o cheiro da mulher em mim que desejo. Sim, a mulher em mim que fui tão bem. A combinação de fruição diversa e uníssona – o nirvana. Meu outro, julgando ser mais prático, ordena: leve e lave bem até que não reste resquício. E prático que é, sabe bem que por ora mais exala o perfume de suas madrugadas de ânsia. Uma morte com data marcada para nascer. O perfume da Outra é o elixir Dela. Tônico que tomo porque quero mais dessa parada de seguir andando. Estou quase pronto. Não hesite em se inquilinar, nova e, de preferência, antiga que se chega sem termos, nem recatos. O lençol que ponho é vermelho com estampas de espanto. Um centímetro de cetim para aguçar o apelo da pele. Seja-me suave a que vem, mas que não atrase combustão, con-fundindo-me sagradamente com o profano encontro da nudez com o artifício. Não ouse fingir espamos de cinemas decadentes. Mas decaia nos orgasmos dos amantes de cinemas inenarráveis - o amor empresta a coragem de não ser limpo. Hoje é dia de lanvanderia. O que queremos alvejar? (Aluísio Martins)

sábado, 6 de dezembro de 2008

Avulto


Sombria a ilação quando sóbria em demasia e, de sobra, sem valia. Que me prove a lucidez ser mais nítida que o rompante dos loucos que proferem lógicas que não ousariam se loucos não fossem, lógico. Tênue e mínima essa casa onde habita o sentimento que o aperto é um inquilino gritante, mas no fundo, conforme, na forma que se sente e é justo que sinta repetidamente como um pós-sentimento de visita inconveniente. Chegou na hora exata. Bem vinda é a tua presença en-san-decida na ladeira morro abaixo. Nada posso te oferecer além do prazer de não ter o que servir. Tome assento no desconforto do homem que deseja. Quando quiser partir que se vá sem demora nem cerimônias. Nenhuma fiz de recebimentos. Não será por isso que direi adeus, até logo e que não seja breve. Vá e volte a esse monumento que não se edifica de pesares, mas de pensar em não pensar. Meditação precisa de ruído, um rádio narrando a marcação do ferro em brasa, o brasão do divino. Mantras ao alcance: um dílúvio errando de alvo, lançado por Bush ou o diabo que carregue; uma célula truncada no tronco pungente que se doa a toda a gente para te antecipar; um homem santo que, num surto de pânico, fundou uma igreja e se farta de cordeiros na ceia, na cela, no céu que invetou para não que tu não caiba, muito possivelmente, ainda os devotos fazem votos de um dízimo, uma pequena quantia de manutenção da fornalha. Seja lá o que queira e seja como bem ou mal quiser. De eixos sei dos trilhos que desgostam de tudo vivo e gostam muito de quem se desgosta da vida entre uma estação e outra. Para tanto fora feito o direito, para entortar. Que direito tenho de não te querer? Sou digno com a pena riscando desprezo de dejavu porque te amo mito na caverna, grifada na palidez da parede da alma. Estou ciente que te criei e crí ser o ser que criei. É tão incrível a realidade quanto fantasmas que desacredito existirem. Nunca me puxaram o pé, tenho essa prova. E olha que não foram poucos os que prometeram me molestar. Só sei de ti, nome de mulher e mulher graças que é, decerto que sim. Teu nome coagula o vento da correria e me estaciona no dia que virá. Teu nome é saudade, mas não da que houve, mas da que vela noites enormes no meu corpo quando me ponho ereto e deitado com outras imaginadas, viciadas de dormências e sono de meio-dia, de meia vida. Barriga cheia não é remédio. Quando muito, alívio, mas pesa tanto. O segredo é deixar algum espaço no ôco para a sobrevivência e manutenção da necessária e sábia insaciabilidade. Desminto o estômago com enganos granulados, contados à conta-gotas. O mesmo faço com todo orgão, sou tântrico por excelência. Claro que me excedo. De outra maneira não me saberia o que não sou. Assim sendo, talvez que você me surja magicamente. Careço ultimamente de toda ilusão que não ludibrie, mas apenas confirme futilmente o erro para que eu firme acordo pacífico com mentiras e verdades – uma coisa só, acredita? (Aluísio Martins)

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Título? Posso "passar"???

Recebi um convite para ser colaboradora.
Colaboradora...Pensei em que poderia colaborar. Não sou escritora. Mas até que tenho minha vida, minha alma, minhas experiência para dividir...Mas fico em dúvida, servirão? Estarão vocês na mesma viagem?
Meu nome é medo. Distonia. Insatisfação e anseios. De tudo. De explicações, de aceitações, de /ou fé. Algo que acalme o ser. Que preenha os espaços vazios.
Andei procurando alento no existencialismo. Não é a minha... Definitivamente!
Para o existencialista não cabe arrependimentos e eu vivo deles, mesmo que não adiante nada. Os "ses" me perseguem. Caso eu tivesse feito isso, se não tivesese feito aquilo...E por ai vai.
A fé, agora que os "Meus" estão perto de partir, também não me serve. Nem Deus, muito menos ele. O sentido tem que vir de dentro para fora. Dizem que Deus está em todas as coisas, inclusive in- side...Inside de quê, de quem? De mim é que não está ou está brincando de esconde -esconde há muito tempo e olha, já perdeu a graça. Como eu tento não fazer mal a ninguém se ele existir talvez me dê um desconto quando eu lá chegar, sabe ele onde.
Agora , de um lado procuro explicações nas estrelas, no big bang, nas explicaçóes nada fáceis para uma leiga do Stephen Hawking. Leio e releio cada página algum par de vezes. "O Universo numa casca de Noz".Indico. Interessante mas não anda me respondendo tanto quanto pensava.
Do outro lado da cabeçeira Lao T-se. Gosto mais, muito mais. Principalmente da ação pela inação. nada de preguiça, lógico mas já que estamos mesmo à mercê, né não?
Na verdadde, encontrar semelhantes e que é o barato. Mesmo orkutando, mesmo virtualmente levando-se em conta que atrás do virtual há um real onde batem mil corações. Há que se ser criteriosa, entretanto. É isso aí.
Manda ver nos comentários, falou? Estou curiosa e adoro uma dinâmica, uma "discussãozinha" salutar, digamos assim...
Grande abraço a todos que por aqui se detiverem.


Lia