terça-feira, 13 de julho de 2010

O Trombadinha

Cá estou. Em meu canto fico e observo o movimento dos transeuntes; tudo muito rápido. Para agir não há tempo para pensar. Aquele. Outro ali mais adiante. Todos vítimas em potencial. O que é trombar, o que é roubar ou furtar? É esperar atento. Em olhos rápidos o meu momento é uma procura, pelo exato instante em que a presa solta no meio da multidão abre espaço entre os demais; mal sabe a sua irrelevância. É observado, estudado minuciosamente em seu passo apressado; todos podem ser um e um já é o suficiente, ao menos por um tempo. Enquanto espero outra chance de agir.
No canto é onde moro. Resido aqui nessa esquina, sou esta esquina e assim o torno ao redor dela, olhares passam e alguns encontram com o meu. Esse é o instante. Essa é a hora. Apresso o passo, e o coração acelera. Adrenalina. Tudo pode dar errado, posso ser pego desta vez. Mas não penso nisso, só penso em agir, o andar da vítima engrena. Viu a mim. Preciso antecipar-me a ela. E assim o faço. Ela percebe, apressa-se para fugir. Se correr, acabou. Ela precisa sentir-se segura. Esse é o paradoxo. A sua segurança em mim é a minha segurança em minha ação.
Rápido. É agora!
Uma carteira ou uma bolsa. O susto e o seu medo é meu triunfo, estava segura, não está mais; está sozinha na multidão. Eu, eu estou longe já. O roubo nas minhas mãos. Glória. Penso na glória, mas penso em nada quando vejo outra vítima em potencial. Cá estou. Em meu canto fico...

Petrecostal

13/07/2010