quinta-feira, 25 de junho de 2009

Há uma estrela solta nesse céu que se enegrece agora, colada em algum pedaço do pano azul escuro que a noite vem estendendo pelo espaço.
Há um espaço em mim destinado a ela, solto, dentro, onde mais nada alcança.
Há, no céu da minha boca, a espera.
No centro da minha mão há afago.
No fundo do que sou, tua lembrança vaga que o meu tempo tem, que não apago.
E muitas vezes, há um véu lilás que tinge as tardes de inverno e que trata de ocupar todos os cantos e encantos, que os meus olhos vislumbram e deslumbram.
Ainda há dentro de mim, num lugar onde a saudade tinge em aquarela, todas as cores quentes que se derramam ao entardecer e que me escorrem em poemas que não mais fazem doer.
Há salamandras que flutuam e que aquecem o meu olhar, ao perceber o momento exato do amor se aproximar.
Há o Sol...
Foi-se o tempo do amargo e do sal.
Pela casa, há a lembrança do afago e do fogo, que nenhum futuro não mais apaga...


(sheyladecastilhoº & necka ayala


inneckaayala.blogspot.com
aliciamentosealucinacoes.blogspot.com

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Medo!



Medo,
de voltar em caminhos ontem já percorridos,
todos em vão...
sofridos, outrém, sofridos...
Medo,
de cair pelos penhascos de teus ombros,
percorrer teu corpo todo
acariciar sua pele em chama,
me afogar nas saliências,
no desalinho de teus carinhos, chegar à morte,
morrer de dor...
Medo,
de passar a noite ao relento,
te ver me perseguindo,
temer por não resistir...
Medo,
da chama que queima nas veias,
de seus passos descompassados a me seguir
dia e noite,
noite e dia,
em pensamento...
Medo,
de me ver assim,
te amando loucamente.
E principalmente medo,
de assumir, esta intensa e insana maneira de
querer...
*
( escrito na década de 80 )
*
Marcia Palhares é colunista em http://www.itapecerica.com.br/

sábado, 20 de junho de 2009

Entretanto, poeta.

Escrever o que eu escrevo não é fácil,
parece-me eu estar pintando um quadro que não é meu.
à tintas que não são minhas eà uma idéia que de mim não parte.
Posso escrever um livro ou uma frase,
seu efeito sabe-se lá como, vai ser sentido há causa.
Potento esse dom a cada instante e sou grato por ele.
Tomo parte do que escrevo, pois não sou covarde,
entretanto, poeta.

18/05

Pedro Costa.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Via via >>>


chips chips

Du du du du du

Ci bum ci bum bum

Du du du du du

Ci bum ci bum bum

Du du du du du

*

Paolo Conte / Via con me

a controversa leveza do ser

leve era eu, quando quentes os meus famintos olhos em você pousava e entre um suspiro largo e um longo gole eu me jogava no fundo infindo dos teus negros olhos, que me tragavam...
e leve eu me envolvia, nos grandes planos de seus altos sonhos e lá permanecia, quando já exausta eu te guiava pelas desconhecidas ruas, apertando forte as fortes mãos que me deixavam nua.
e como eu gostaria hoje, de te trazer pra dentro de mim quieto e de molhar de amor o que se fez deserto, de não ter que me conter dessa forte urgência, de parar de fingir essa inútil prepotência, sem me contentar com esse pesado silêncio que na minha alma grita, que me desperta de um sonho leve e me deixa aflita...
mas leve eu sou, quando tudo que sei não se traduz em versos, é quando te exponho o meu avesso e o direito do meu reverso, é quando eu esqueço os premeditados pretextos e me confesso, que finjo ser o teu, esse gosto longe que me vem na boca e o gosto do desgosto que às vezes provo de outra boca rouca e do gozo que me entrego e estranho, sem ao menos tirar a roupa...
leve sou assim, quando te trago de novo pra perto e pra dentro e depois te expulso e te jorro bem longe, quando te engulo e te expulso de mim...

(sheyladecastilhoº