segunda-feira, 20 de julho de 2009

o cabuloso beijo roubado

vivo dentro de um labirinto andando em circulos, arrastando poemas as vezes ridículos, sentindo o peso da carne e o ferver do meu sangue já nem mais tão sagrado, que me percorre ardido dentro das artérias e veias.
meu pensamento segue em fragmentos descontínuos, porém continuo persistindo em alguma coisa que me vem e foge. sempre me perco decifrando entrelinhas e em algumas noites as palavras me doem quando me escorrem...
pelas noites quando todos os anjos são pardos, luto com meus demônios e com essa preguiça ou falta de necessidade de vivenciar um possível novo amor. prefiro contemplar muitas vezes, as fúrias das avenidas e dos asfaltos gastos e os pingados gatos perdidos pelas esquinas que se esquivam ao ouvir meus passos.
tudo aquilo que me trava de certa forma me enche de luz... talvez a minha inspiração se multiplique com mais fluidez quando ancorada na dor, quando do amor eu nada supuz...
mas é fato, que é preciso suportar a vida recheada de vermes e confeitada de adereços carnavalescos, como também é preciso amar qualquer forma de morte e beijá-la na boca, mesmo que seja à força...
e sorrir para a louca morte da boca beijada, que se rende e lambe os meus pés antes que eu a faça de pouca.

(sheyladecastilhoº

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Trincheira




Porque será que nunca olho para os seus pés?
Atenho-me à estatura e às roupas largas.
Limito-me à linha do rosto- Reflito.
Porque será que falo tão apaixonadamente da sua pele,
se ela é marcada por esse vinco/cinza/doentio,
prova irrefutável de um cansaço secular?
Limito-me à linha do tempo - Reluto.
Talvez porque o seu sorriso dismistifique a cultura das aparências,
transcendendo-a.
Você é algo assim como Cheshire - um enigma.
Meu enigma.
Então, seu olhar afiado pressiona-me contra o balcão:
Me escoro nos copos, escudos de vidro fosco,
cheios de veneno negro.
Além dessas paredes, o cheiro úmido da noite.
O cheiro da terra.
Desejo ...
meu desejo ...
Retorno ao front.
Invariavelmente entrincheirada para a guerra dos olhares que dizem coisas ... Mortais.
Vez por outra ferida por toques de pele nada aleatórios, mísseis de palavras soltas que reverberam, assobios, trechos de canções arremessados, borbardeios de cadeiras arrastadas, bombas quimicas de testosterona ... um inferno.
Meu paraíso.
Cheshire reaparece quando ameaço retirar as tropas de campo.
No último instante -"Fica".
Fico.

Novo blog

Novo blog: http://nos2somos3.blogspot.com/
Traga-me içado nos teus cabelos de âncorasVela-me insano no teu oceano de coxasTraga-me são no perigo das tuas ancasVela-me santo no tesouro das tuas conchas (aluisiomartinns )

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Menina Marina

Há a menina
Também a marina
onde se banha
e me contamina

Há o por do sol
Também há o anzol
estirado no caniço
e um ribação

De tanto roncar
Um sonho de estar
ao seu lado, Marina
na sala de estar

|

Nada de nuvens
- Por onde as nuvens
andam, Marina?

Talvez sem você
não há por que
pra não me envolver
com outra mulher
que na marina
se mostre como quer
que se mostre menina

Talvez sem saber
Eu -- em verdade
volte a esquecer
de sentir saudade

Mas todos os dias
Nas horas que banham
minhas tardes vdias
tasmbém se banham
na marina
É que a marina
sem você não é!
É que a marina,
Querida, Marina
também é mulher.

08/07

Petro.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

sem taurus



não gosto de bater portas e com isso causar feridas
eu prefiro abrir as janelas, para que invada a ventilada vida.
é prova de amor, mostrar o gosto nem tão doce da verdade
e não ferir lentamente por vício, apego e vaidade.
flutuo entre o presente e o passado que ronda recente,
eu receio todos os excessos, que fazem ar de inocente.
eu prezo e pago poemas, com outras tão minhas moedas
e galopo na sorte da vida sem culpa, sem medo e sem rédeas...

meu corpo/labirinto não é uma via sem saída,
toda fuga também pode ser um ponto de partida.

pois entenda...

nunca foi nó. foi sempre um laço.
não é calor. é um mormaço.
não é a sede que enche um pote.
no óbito, o hábito foi a causa mortis.


(sheyladecastilhoº
.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Poema Para Michael

Pedro, tu que és pedra,
diz o Senhor,
Descreve da perda a
dor do asceta e
desmistifica o pudor
que faltou em sua
reta.

Fala também, Pedro
do que ele causou
- esse menino baco
que o mundo abraçou.

Mas se baco foi
fraco, Pedro - diz
do que restou o que
foi.

Foi branco, sim
depois de preto
foi tanto assim
que até quase foi preso.

Ai de mim!
Se falhar em um
verso, ao descrever
por mim àquele
menino-universo.

Da música e da
dança, da preguiça
de crescer e
do seu caráter
volúvio.

À parecer morme
mente maluco, ia
cativando. Chamou
até criancinhas, imi
tando o Senhor,

Mas teve problema.
É que na brincadeira
de Pan acostumou,
e, Pan - velho amigo,
não se acostuma,
não. Pan, meu
amigo, levanta a
voz à quem o imitou:
- Há de ver-se
comigo.

Mas gênio que é
gênio, traz a paz no
coração.

De mexer contigo,
comigo e com todos
à quem vê irmão,
pois da genialidade
sabe-se o fim:

Vai-se o homem e
a fama de gênio,
enfim

Tola, mas verdadeira,
diz para todos os
mortais reles:

- Para mim, vós sois
só brincadeira!

Petro.

26/06
maluco

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Um amor depois do outro

Edward Hopper
*

Virá o tempo

quando exultante

hás de saudar-te ao chegar

à tua própria porta, em teu espelho e cada qual


retribuirá sorrindo a saudação do outro,

e dirá, senta-te aqui. Come.

Amarás de novo a quem te era estranho: a ti mesmo.

Dá vinho. Pão. Teu coração de volta


a si mesmo, ao estranho que toda a vida

te amou, que, por causa de um outro,

desconsideras, que te conhece de cor.


Pega as cartas de amor na estante,

as fotos, as anotações desesperadas,

descasca do espelho tua imagem.

Senta-te. Refestela-te com tua vida.

*

Derek Walcott, Love after love. 1930