sábado, 28 de fevereiro de 2009

Por que nascer?

Você pediu pra nascer?
Há nesse mundo pedido mais pedante?
Exigir separar-se daquele umbilical barbante,
o qual estigmatiza dela o poder?
Sim, e toma por satisfeita, que de mim
és tu a parte que menos falta a mim conhecer!
Nascer? Não, eu não pedi para nascer.
Nem muito menos sei de onde vim! Quem dirá?
Você!? Ele?! Os outros!!
É de flagelo que gente mo tornei!
Tocada foste por uma semente minha, tu não
te de mim se esconde, nunca! Nem agora, nem
Nunca!
Ovni do céu de seu espaço que faz-se somar
a todos os demais espaços entre nós dois:
Sim! Somos só nós dois.
E mo dói o que tiras e roubas de mim todos
os dias:
- Vai! No momento estou bem só.
- Vái! Não sou eu quem vai te mostrar o caminho da vida.
Vai só, vai, mãe...
Esse brado já foi gralha de graúna
negra e essa luta é a de todos os homens.
Por que nascer!?
Para conhecer-se a si mesmo ou aos
outros e após todo esse esforço, por fim descansar
e morrer em paz?
É o suficiente para você, mãe?
É!?
É!?
Para que muito ainda tenha a dizer, e
acusar-vos de malcriação minha.
Isso! Fui mal-criado.
Maleducado, como diria meu avô.
Mas não estou só: tenho vocês e só peço
que me ouçam e nada mais.

Fortaleza

Pedro.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

amanhecências...


uma poesia roxa e noturna,

desabrochada em versos semeados pela madrugada.

e a poesia também flutua, entre beijos vermelhos e saudades azuis.

ela navega no mais fundo profundo de olhos coloridos

e no mais lento e sedento de corpos despidos

e a poesia aflora, de dentro da alma e da boca pra fora.

exala o aroma da bruma que invade e fica

e me dá o prazer de um prazer que necessito e quero.

e quente e fértil, a poesia sempre amanhece derramada em meus lençóis,

boêmia e fecundada pelas frestas frescas, dos primeiros raios desse mesmo sol...

(sheyladecastilho°
..
.
(poesia aquariana, nascida em 28 de fevereiro de 2009 às 04:59)

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Galo na Cabeça

Uma roleta e mexem-se os animaizinhos

Giro de barulho engraçado tem a tal roleta

Um bandinho de meninos animaizinhos

e o bicheiro comanda AS MACETAS

Eu jogo sempre no Galo

Jogo uma sorte de vez

Outros espantam o azar

E quando a roleta pára

Meu dinheiro só serve pro sorvete

Ao parecer um jogo de sorte

Mas o Galo tem a cabeça marcada

Toda vez que jogo no Galo

E aumentam minhas fichas

A lograr êxito e deixar as pessoas irem

E ver a roletar girar, e girar...

Pedro.

...

vem de mansinho
adornando meu caminho
suspiro
carinho
cheirinho
vem de paixão
adentrando de vez meu coração
arrebata
arremata
entoa cada palavra
como talha no couro da emoção...
MASA

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Perdi meu tempo

Todo tempo que passa ao momento
vindo da mente, o intuito:
perdi meu tempo.

Todo o espaço que não ocupei
nem com o pensamento:
perdi meu tempo.

Tudo que deixei de ser sem
nem mesmo um intento:
perdi meu tempo.

Todos os copos virados de cana
sem um sequer elemento:
perdi meu tempo.

Essas vezes em que tudo passa
e eu nem vendo:
perdi meu tempo.

Todas essas mulheres trôpegas
esquentando seus assentos:
perdi meu tempo.

A política discutida e a flor
ao balanço do vento:
perdi meu tempo.

Tem também esse fazer passageiro
que é passatempo:
perdi meu tempo.

A fórmula da juventude eterna,
no imortal relento:
perdi meu tempo.

A felicidade procurada em caminhos
e caminhos ao relento:
perdi meu tempo.

Aquela poesia saltimbanca e
bela saída em soluços que acalento:
perdi meu tempo.

Louco a todo instante saindo de
mim para encontrar um quanto,
um pouco, cabido nessa vida ao vento.

Pedro.

18/02/09

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Reclamação

Pô, meu...

Reclamam aí o meu livro...

Que livro?

E esse blog?

Mas temo mesmo não mo tornar nunca um escritor,

então agradeço a cobrança,

quero é escrever pra encher a pança.

Não todos nós?

Fortaleza, 18 de fevereiro de 2009

Pedro.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Política, Arte e Mulheres

Evair costumava sempre após a caminhada vespertina esticar até um supermercado para comprar algumas especiarias e cozinhar quando em casa chegava. Isso era um rito diário: caminhava cinco ou seis quilômetros em volta de uma praça e, encontro marcado tinha com, quando não o mercado, a vendinha de Seu Ortega e lá fazia as comprinhas para quando, no início da noite, chegasse em seu modesto apartamento de solteiro, preparasse uma comidinha, da qual desfrutava com deleite e tinha por única reclamação as louças para lavar.
Vida mesquinha! Pensavam os que acompanhavam com o olhar o dia à dia do Evair. E o olhavam cheios de miseicórdia n'alma, não desejando nunca aquilo para si ou para ninguém. O Evair era tão apagado que muitos desejavam à si a morte ante levar vida daquela. Solteiro, sozinho e sem amigos, amante da culinária e só.
O Evair, como sofre, hem? Se perguntavam quando era alvo de conversas alheias. Nenhum: - Mas que exemplo! de homens ou: - Mas que homem! de mulheres. Assim era o Evair.

Pedro.

2009

Carta para Carlos

Entro em cena. Apenas sete horas da manhã. Margeio o limiar da ignorância. Margem inóspita? Veja, dessas plantas dávamos aos coelhinhos na infância. Veja, ainda tenho minhas lembranças. E às palavras, que são a um mesmo tempo - açoite e acalanto: meu rio de degelo.C. procurou-me. Andava buscando-me. Sei. Sabia. Sentia.Partirás em breve. Porque me procuravas? Para que partilhemos nossas frustrações? Não creio. Ou decisões de futuro? Não sei mesmo o que pensar ... causa-me estranheza. Talvez quisesses encenar uma rendição, um apertar de mãos, um "não te abandono, apenas procuro meus caminhos". Pensarás mesmo dessa forma? Talvez quisesses assim minhas palavras: "Sim, vá, não o quero mais, por outra lado, te quero bem, vá, tem e terá a minha benção e a minha eterna amizade". E a dor? Não reside aí, nessa tua pele tão alva. Mas (tu) buscava-me trajado com teus vermelhos óbvios, sim, o eterno vermelho de tua sedução nórdica, com teus longos pêlos loiros, franjas e frutos do meu desejo por tantos anos. Quantos? Não sei ... E porque? Não posso esquecer o texto sobre julgamentos enviado por um novo e querido amigo. É sábio, dá linha aos pensamentos como a uma pipa ao vento. Lido ao contrário: a tranqüilidade do não-saber. A tranqüilidade de saber apenas o que importa. Aquilo que pousa pena perdida (ou jogada?) suavemente a teus pés. Ou que escancara verdades ocultas nas letras das musicas aleatórias e erros negados - frutos de omissão e culpa, proferidos (ainda assim ocultos)através de outras bocas. Só tu saberás. E sempre haverá um perdão.Mas vá lá, perde-te de mim. Não há volta. Há quanto tempo sei que não há volta? Há muito tempo. Desde que aportamos nesta cidade fantasma. Desde então? Desde antes. Minha busca pela verdade partiu muito antes, num raro trem nas madrugadas do Butantã. E saiba que saiu apenas com as roupas do corpo e um bilhete de Ida. E o que encenava eu, antes e agora? Uma grande farsa? Um segredo. Escondia-o de mim, de ti, e de todos. Dei-lhe asas, alimento, meus carinhos. Dei-lhe uma cara, um nome, um sobrenome, um vulto e uma epígrafe. Dei-lhe sombra, mitos. Gritos estridentes na montanha. Espinhos. Uma cama. Muita calma. Levanta-se pela manhã arrastando as asas, resmungão, remelas nos olhos, um bebê esse meu segredo. Nasceu há tempos. E ninguém soube.
Anete

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O Palhaço

O palhaço diverte para
esconder o que verte
sem que possamos ver
pois é da sina do palhaço
rir para não morrer.

Pedro

09/02/09

CONFUS(M)ÃO

9/2/9

pintas em profusão
pelas minhas mãos
pintas a confusão
pelas suas mãos
pelas pintas profusas
pintam as mãos em confusão...


MASA

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Serei Poeta

Se é certo que poesia
corre no sangue e dói
é tambem uma verdade
do poeta o ser herói
pois que não apenas escreve
suas dores ou sentidos
mas como a um mal repele
maléficos sentimentos contidos

Essa é a luta a que se propõe
e que dista e muito do que dele pensam
pintar a folha à sangue
ser frio quando os nervos esquentam

Tudo isso é de parecer difícil
mas essa é a grande diferença
que para escrever o que pensa
é mister apenas o artifício
claro que inspirado, o poeta
serve-se da rima que o completa
e que dá sentido ao que diz
usando-se (por vezes) de palavras vis

Então quando o objeto está claro
só resta esperar do traço o serviço
pois sou esse tipo de escritor raro
que vê na folha uma espécie de sobreaviso
algo que vai logo dizendo: - Deixa disso
o que você almeja é um caniço!
Ou algo que no mais te tome o tempo
pois esse negócio de escrever
além de não estar com nada
e dizerem preferir pena à espada
é coisa de gente burra, jumento.

Mas, serei , como no título, poeta
e se escreverem: - Esse não presta.
subirei no banco da rua e do alto do meu orgulho
declararei que a poesia é só
pra quem em si já deu mergulho.

Pedro

04/02/09

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Desembargo

Consegui meu atestado
de loucura.

O que me trouxe à tal estado
é início de ventura;

essa a qual dediquei tanto
tempo e envergadura.

Não (é verdade) sem espanto,
ansiedade e amargura.

O passado ainda em mim mora
e é grande sua estatura.

Só que sem esses momentos de outrora
minha voz era obscura;

agora, de tanto malhar a pena
agora ela me atura.

Parece que o negócio agora engrena
e eu: uma gravura.

Pedro

05/02/09

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

ONDE?


5/2/9


onde foi que escrevi teu nome?
no meu peito rasgado na carne?
onde foi que entalhei teu beijo?
na minha boca manchada de vontade?
onde estou quando não estou em você?
no vazio da suave lembrança?
não tenho respostas pros sentimentos
mas todas as perguntas que aplacam meu tormento
de te amar demais...
de te querer pra sempre...
é desse encanto que nasce meu riso
nesse sorriso que dormem meus sonhos
nesse cabelo que faço meu ninho
nesse ninho que embalo meu canto
canto ao mundo:
TE AMO!

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Tenor do Trenó

Soube do nosso claro e pouco
Natal a comemoração

Séculos do magro e louco
Natal a salvação

Seremos juntos a pá que
constrói o faturamento

Aqui eu pontos e já virgulas
soltei ao vento

O jogo sujo das prateleiras
observadas como por bichos

Sãos e salvos de adornadeiras
que se vidradas consomem o lixo.

Pedro

24/12/08

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Marina

Como por tanta dor poderia eu
A dor transmiti-la do jeito que doeu?
Se só pensar em ti sinto pavor
Um medo de nunca ter-te perto
Que é tal qual certeza não darmos
[certo.

Aí olho que os dias passam devagar
Sem que eu deixe - um momento sequer
imaginar seu novo semblante, menina:
[mulher.

Perco a imaginação, esse meu bem maior
e fico fraco, esperando de ti a dó
e que me cure do peito essa ansiedade
essa vontae louca de ir-me, de ver na
[cidade

Aquilo tudo que nunca se apagou
Aquele fogo teu em que teu amado
[afogou

Para falar de ti, Marina
é mister não só escrever

É ver pra crer.

Tudo se resume a esse triste quadro:
um homem triste, sem sua moça ao lado.

"Ora, mas se esse quadro já não é velho..."
Dirão os teus demais pretendentes
"pois se assim esse louco vê em ti o Belo
também nós somos dele mais que afluentes."

(eu te digo, e isso é sério)

Podes ter qualquer um desse hemisfério
Procuro que te seja bom um amor áureo
Esse que é meu, esse amor platônico
que quer te descasar do caso anônimo.

Mas ainda é cedo e eu não sei
Onde, meu Deus, onde é que eu errei?

E agora, Marina
Tu és do mundo
Saltou de mim
E tudo

Tudo

Tudo

é não passar por palavras o que sinto
e não mo julgues pois eu não minto
fostes e serás para sempre
o maior amor que não tive.

Pedro.
02/02/09

SIM

dentro dos meus braços, onde tudo é mais amasso
dentro dos meus braços, o calor se faz suave
dentro dos meus braços, os seus e seus enlaços
dentro dos meus braços, sua boca em meu percalço
dentro dos meus braços, o sono e o os sonhos, fácil.
dentro dos meus braços.
seu lar.


MASA

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Talvezes

O Cara

*

Talvez não tenho ido para me redimir.
(Talvez tenha ido para te condenar)

Talvez tenha ido para te redimir.
(Talvez tenha ido para me condenar)
Talvez tenha ido para me redimir.
(Talvez não tenha ido para te condenar)
Talvez tenha ido para me condenar.
(Talvez tenha ido para te condenar)
Talvez tenha ido para me redimir.
(Talvez tenha ido para te redimir)
Sei que (eu) fui porque precisava ir,
para que não seguisse "indo",
para que não seguisse pensando como seria

se tivesse ido
e para te redimir.
Sei que fui porque você precisava que que eu fosse,
para que não seguisse voltando,
para que não seguisse pensando como seria

se tivesse voltado,
e para que me redimisse.
Os desdobramentos disso tem a ver com o realmente somos.
É estranho que sejamos estranhos.
Nunca fui um anjo.
Mas também não sou um demônio.
Se não me concede o perdão, tem mais a ver consigo do que comigo?
Se não me concede o perdão, é porque não nos redimimos afinal?
Se não me concede o perdão, é porque ficamos no mesmo ponto?
Se não me concede o perdão, é porque ainda não é capaz disso?
Mas não creio mais em questões deixadas ao sol para que desidratem
e possam ser guardadas em potes como tomates secos,
passíveis de reidratação,
dolorosamente temperáveis,
dolorosamente saborosas.
Senti na pele a nostalgia do meu feito.
Senti na pele a importancia do meu feito.
Senti na carne, nos ossos, na alma.
Senti no peso dos anos.
Senti na respiração suspensa.
Senti em todos os meus esforços anteriores.
Senti do estado precário da sua casa.
Senti na atração do rio.
Senti! Senti! Senti!
E te senti um tanto perdido também.
Como posso passar diante dessa cena e dizer-te "apenas":
"Ah, quão bonito foi!"
ou
"Ah, como vai o seu dia hoje?"
ou
"Ah, como está cálido o tempo."
Essa não sou eu. Essa não sou mais eu. Essa nunca fui, embora tenha tentado.
E essa eu não quero ser.
Não quero mais esconder o sol,
nem com a sua sombra,
nem com a minha,
nem com a de ninguém.
Não vou mentir que a partir de hoje minha vida mudou.
Não mudou.
Não vou mentir quanto à origem dos meus sentimentos,
quanto à violência das minhas impressões
(a imagem no espelho pode ser muito feia!)
Mas não perdi a guerra!!! E vou ganhá-la.
E não é você o meu inimigo (caramba!)
Quisera fosse um amigo.
Ah! E não tenho medo de lágrimas.
Vão lavando as escadas para a passagem do que está por nascer.

*

Anete Antunes