segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Boas Festas

Aproveito o momento para desejar Boas Festas para todo o pessoal que contribui no psil-ên-cio, que seja quebrado o silêncio e nossas vozes hajam ouvidos para elas, abraços acalentados,

Petrecostal;)

domingo, 15 de novembro de 2009


hoje eu não quero o tédio embaçado na janela.

quero apenas a lembrança de um corpo lapidado

e o sal do suor melado e entranhado

nas indecências sussurradas por entre minhas pernas.

quero a memória da fúria de dentes no pescoço

e essa coisa de pele, de carne, de alma e de osso,

que termina em espasmos e estremece a calmaria

me afagando ofegante de prazer e poesia.


(sheyladecastilhoº
.

sábado, 14 de novembro de 2009

Quebrando a Cara

Era uma vez esse cara
de vez em vez]
quebrava a cara
a sua tez
tinha cor clara
tudo em três
copos virara
a embriaguês
desse cara
era cortês
cousa rara

Dizia ao mundo
o que sentia
um vagabundo
sem serventia
um sujismundo
sem garantia

Era perseguido
a todo instante
era atrevido
um diletante
cada aprendido
era um rompante

Um belo dia
desses claros de Sol
evanescia
em um atol

Acomoeteu-se
esse tal cara
ajoelhou-se
quebrou a cara

Ao ver no céu
uma luz clara
um escarcéu
atrás do cara

Arrependeu
tudo o que fês
observou
e deu adeus
pulou e aspirou
ainda um ar
um ar cortês

Se falou desse cara
ser não homem
mas um Deus.

Petrecostal.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Reunião de Condomínio

Passavam as 19:00hrs, Horácio sabia que dessa vez não tinha volta, havia prometido à mulher ir à tão adiada reunião de condomínio. Costumava nunca perder tempo com essas cousas, considerava um jeito de desperdiçar sua já limitada paciência. Mas hoje não tinha jeito. Fincara compromisso e, se faltasse, teria de dar explicações à patroa. Logo que chegou do trabalho deu-se por decidido. Teve até o cuidado de tomar um bom banho e colocar uma blusa de tecido que comprara recentemente e que estava mais novinha que as outras. Se era para fazer o negócio, queria fazer direito. A descida, no elevador, sentiu uma sensação estranha, a ansiedade fez seu coração bater mais rápido. Lembrou-se dos tempos de menino, quando tomava coragem para pedir ao pai e à mãe cousa lá que fôsse; uma permissão, talvez. A porta abriu-se e Horácio pôs-se para fora já a ouvir o rebuliço da reunião a começar. Notou várias caras estranhas, gente com quem nunca havia tido contato, outros já seus conhecidos quiseram passar a imagem de que nada havia com o que se preocupar. Foi entrando. Aos poucos acalmou-se e sentou-se em um lugar vago, entre duas mulheres, uma senhora mais velha e a outra uma moça não tão novinha também. Acomodou-se, deu um prumo na roupa e assistiu aos primeiros dez minutos de reunião no mais absoluto silêncio, apenas ouvindo. às vezes os moradores de seu condomínio reverberavam por todos os lados. Ao olhar seu redor, percebeu que todos ali conheciam-se, ele era o único novato. Um neófito. Esperava o melhor momento para falar, mas o instante em que decidia-se por intervir era sempre o mesmo do qual valia outro para dar sua opinião. Resolveu ficar calado, só prestando atenção e assim o tempo foi passando e outros falavam; discutiam sobre o andar em que vivia um jovem muito barulhento e destes sem preocupações para com o conglomerado que era o edifícil; falavam do aumento do consumo de energia elétrica ao dobro quase do do mês anterior; dos zeladores reclamões que pretendiam aumento em seus salários; do preço do cloro da piscina e dos valores e cifras todos relacionados ao porquê daquela reunião; e teve até alguém para lembrar da questão ambiental e reclamar em voz alta a coleta seletiva do lixo, afora o gasto com o resíduo usual.
Aconteceu que, Horácio foi ouvindo e esqueceu de prestar atenção de tanto que ouviu, as vozes passaram a serem ditas em um volume mais baixo, o seu olhar ao redor começou a ficar turvo e seu comportamento, o de uma pessoa sonolenta, e foi indo tanto que cochilou.
Ao abrir de olhos, Horácio logo percebeu todos ali presentes estarem voltados para seu corpo solto na cadeira de plástico que já quase de pernas quebradas, sustentava seu pêso jogado todo por força da gravidade contra o frágil material do qual era feita. O embaraço não pôde ser maior, e a primeira ação sua foi recompôr-se e sentar direito, logo ao mesmo tempo em que balbuciou certas palavras ininteligíveis, puxou do ar do local, pôs mui indistintamente as duas mãos entrelaçadas sobre a mêsa, e com um ar de forçada importância dizer:
- Sim. Por onde paramos?
As reações foram das mais diversas. Houve quem balançasse a cabeça em tom de desaprovação e até quem risse. Mas o fato é que a reunião continuou como se nada tivesse acontecido, as pautas foram fechadas, o caixa também, as pendências, adiadas e deram por finalizada a assembléia. No elevador com algumas pessoas, Horácio surpreendeu-se com o bom humor dos condôminos que até então desconhecia, o que , para êle , foi agradável. É claro. Teve vergonha. Mas esse sentimento foi substituído por uma inesperada afeição pela compaixão e paciência dos demais para consigo. Quando chegou em casa e contou à mulher, ambos riram muito e até fizeram um amor mais gostoso àquela noite. Desde então, não faltou a mais nenhuma reunião do condomínio, e algum tmepo mais tarde foi até mesmo votado cíndico, função que passou a exercer como um hobby paralelo ao seu trabalho natural, de arquiteto; desse modo foi vivendo e nunca esqueceu da primeira vez. Da sua primeira reunião de condomínio, de seu sono sem precedentes e de como tudo isso terminou.

Pedro.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Lua Nova >>>





A Viagem de Chihiro

Cheguei há pouco. Aqui estão os milhares de mundos paralelos, fechados entre/capas, letras observando-me - bichinhos de papel - acenando-me com seus títulos e temas sugestivos ora pertinentes, suas cores, imagens, símbolos, blocos, caixas de informações, receptáculos, conteúdos, vasos... Copas. Acaricio-os, folheio um e outro. O verdadeiro Graal, através desses mundos, vai encontrando um novo sentido para o Real. É necessário seguir despegandome. Racionalmente, porém. Ontem me presenteei com um pequeno / grande espaço - o prazer incomparável de gerir a vida. Minha vida! Com direito à varandinha para céu amplo, que se abre ao futuro imediato como este fundo marinho, bailinho de estrelas/música lenta, desfile de nuvens, ou mesmo no mau humor típico das noites em minha cidade... Seja bem-vinda você também, Lua Nova.


Em seguida, chegam às minhas narinas os vapores ébrios daqueles que invariavelmente confraternizam com a solidão, identifico um afeto discreto - discretamente desejado, e ainda penso muito no silêncio e nos olhos daquele que arranhou-me a pele e o querer, há anos amortecidos pelo medo de Amar. Lambo essas feridas recentes, tão cruas / cruéis... Viscerais quanto as minhas novas determinações. Tudo é novidade. Eliminar o que não serve é novidade. E não é algo para lamentar-me. É que por vezes, o sinto tão intrigante e perto, justo quando a saudade interpõe-se - como um fantasma doméstico - entre a atividade diária e a lembrança de si - mais que tudo - de quando – tu - adormecia em meus braços, suavemente entregue, o hálito próximo, o hábito posto, e eu nunca, nunca conseguia dormir... não podia dormir - Magia para suspender o Tempo... Os muitos que sabem que a paixão é mesmo assim, dirão Amém.

Eis o retorno à autentica Vontade de realizar, agregar, eleger, construir, criar, reformar, emagrecer, e amar, e amar, e amar-me.