domingo, 27 de novembro de 2011

Sem Título

Olho para o teto
E penso comigo:
Nem mais um amigo
Estou incompleto

Esta pate que falta
Em minh'alma delata
Um não querer-me só
À verdade sou um pó

Que se sacode qual poeira
Do móvel mais velho
E ao qual pousa no espelho

Tira dele o reflexo
Pois é viver sem nexo
Pensando em besteira

Minha atual profissão
Eu preso em casa
Sou furacão qu'arrasa
E peste da nação

Incomodo tamanhamente
Ao ser eloquente
Quanto me valha a arrogância
Qu'em meu peito descansa

Quando me sacodem
Eu vôo pelos ares
Então me encontrares
Só se espalhado em um canto

Pois minhas partes
Subirem em dar-tes
Todo milagre santo

Assim eu sou que causo
Essa alergia, tão funda
Talvez oriunda
Do tempo ido pauso

Só então me ergo:
Altivo, eu enxergo
Não mais a solidão
Mas triste poesia

Na noite que tardia
No vale de Sião
Onde as outras cousas

Também vão sagradas
Das minhas amadas
Sobrou-me só rosas

Triunfo sobre mim
Subindo às paredes
E dão-me umas sedes
Fissura sem fim

Quando tudo se afasta
Por fim tu, nefasta
Aurora teu brim
E todas as novas

Passando por trovas
Atestam um fim
O de ser da prosa

A própria rosa
A cor tenebrosa
Que dorme em mim.

Petro.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Tombo, mundo e inaudito
Sou opaca alma: eu recito
Santos, desçam duma vez;
Apareçam!

Que aqui esta moda vai mal
Do forte o fraco é serviçal
Então, apostos todos os deuses
Atenção por estes meses

Que aguardam a estiagem
Minas onde come-se lavagem
Enquanto garimpam ouro
O mais preto até o mais louro!

Petrecostal

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Eterno Retorno

Para além de Bem e Mal
Vivi toda circunstância
Tomada pena à recital
Recobra-me a ânsia

Do que vá a repetir-se
Enquanto houver distância
Neste vale onde servisse
Amor em redundância

Pois que da minha sina
Mais que ninguém o sei
Sou dom a quem ensina
Sou vate, valete e Rei

Duma estrada a qual ando
Num passo moroso, só
Entanto ao que só vendo
O traço traça-se nó

Do montante, eras mil
Tempo demais lento
Corrompe-me e vou-me vil
Sempre de bom contento

À cada légua seguida
Um breve olhar àtras
Na minha lida escondida
Sou luto, sou guerra e paz

Aprendo com meu caminho
Qu'aquilo que satisfaz
É estorvo, decerto um vinho
Que não embriaga jamais

***

Por tanto vago triste
Empilho os meus pensares
Servem-me da alpiste
Que vou bicando aos ares

Se brinco me pego Louco
Mas louco quem já não é
Para olhar o Universo
Basta-se ter-se fé

E a linha segue medida
Sobrepõe uma pequena dor
Acontece à cada vida
Vivida só em valor

***

Tão bem sem seguidores
Confesso que muito aprendi
Com tamanhas, seguidas dores
E nunca me arrependi

Colcheteio meu animal
Parte de um ser sem nome
Espeto-lhe o meu tribal
Grito de [Super Homem]

Para cavalgar tomo banhos
Frios para enregelar
E sofro demais com sonhos
Que nunca soube buscar

Para tudo certo que há
Na ímpia carne sofrida
Um remédio de dor sarar
Uma qualquer ferida

Que comece todas as tardes
O reviver comum a todos
- semente plantada em Hades -
Vontade dos mais Rapsodos

Na Grécia Antiga busquei
Um bálsamo para ser eu
Um peixe que pesquei
De nada prático valeu

Então resolvi mudar
Buscar em mim mesmo
Toda a prata lunar
Descoberta dum erro esmo

Pois que nunca estive lá
Mas até que deveras me lembro
No que fui acreditar
Na lua e seus hóspedes membros

Voltei para onde vim
Decerto que voltaria
Esqueço do meio enfim
Instante: portal que veria

Todo o neste tempo ido
E tudo a acontecer
Soando feito estampido
A todo momento nascer.

Petrecostal

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Sinfonia do Universo

Sei por cada medo
existir por trás uma alegria
que sei ser bem tardia
ao que vôo lêdo
na vida sinfonia

e quanto mais eu cavo
mais ouço da Terra o pranto
pedindo algum encanto
ao Homem seu escravo
ou doutro modo um agrado
melodia qualquer
um nexo de pé
algo dalgum sentido

é o que nos pede a Terra
bondade em vez da Guerra
um ouvido amigo

para serem seus pedidos
nada mais que atendidos

sobre Ela, caminhamos
e se as mãos nos damos
fazemos poesia
que o mundo agora precisa
destarte algures à ojeriza
uma bela harmonia

fez-se, então
uma canção
novelo descarrilhado
entre perdidos um achado
o fel tomado em vão
a pedra, o céu e o chão
também são essa música
de acordes já bem graves
tons dalguns alardes
que vamos a passo longo

são mais de 2 mil anos
de uma tese teológica
há bem da musa crua
nossa suave Lua
passamos pela lógica
e por muitos desenganos.

Chegado bem aqui
posso contar do que vi
feito poderão vocês
ao chegar a sua vêz

mas o dito nesses versos
são as preces dos regressos
de todos os Bons da História
doutos de toda a Glória
sapientes sem ter fim
pelo povo daqui debaixo
por favor, velem seu paço
que soa Belo, vai por mim!

Petrecostal