segunda-feira, 7 de julho de 2008

Relação passada à limpo




Dove, que fora sempre muito polido, agora, espumava-se de raiva.

Nívea lhe dizia: mesmo que eu perca minha reputação, você não tardará em lamber meu corpo. Não fizeste economias em me prometer que contigo eu seria uma rosa perfumada. Vai ter que afundar comigo. Nívea vociferava, enquanto enchia a banheira.

Dove: terei culpa se te iludiram? Tua pele, por acaso, enruga por minha causa? Nunca falei que sanaria os acidentes de tua vida e cobriria tuas lacunas, tão evidentes. Não me quer? Jogue-me no lixo.

Nívea: você é igual a todos: um covarde! Já fala em me abandonar? Sei bem qual o teu plano: quer me ver na lama para que, em seguida, eu recorra aos teus serviços. Você fede. Suja-me! E pensar que eu me abri inteira...

Dove: e você, puritana? O que faz por mim? Só me critica...

Nívea: não fosse por mim você morreria largado num canto qualquer. Vencido! Já nasci cara. Não preciso me promover! Dou-me o devido valor. Meu erro foi dar ouvidos a minha vizinha, Vinólia, que falou que tu estava dis-pu-ta-dís-si-mo. Você não vale o que pesa. Morra, desgraçado!

E Nívea afogou-o, sem piedade. De Dove só se ouviu interjeições ininteligíveis - glup...

(aluisio martins)

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