quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O Quadro

Fico sem assunto, predileto do ser agudo e sem
par.
Toda noite é assim, ele me olha nos olhos e eu
sem revelar nada.
Por que é que quando o olho nada acontece?
É tão distante assim de mim esse tenebroso
e dividido; escabroso e proibido?
Com certeza não se fez para assombrar,
mas para meramente embelezar, apesar
de alguns dizerem servir ele também para
exprimir.
Ah! Tenho meu direito de aporrinhar-me com
ele; não é perfeito o meu desagrado?
Muito menos ele é!
Se iluminar fosse para o que serve, então
de que importa essa luminosidade que o
ferve?
E não fala, não pensa e não sente e, sempre a exigir tudo isso de mim!
Qual o quê!?
É para brilhar, como vida tivesse, a seu bel prazer?
Ou só existe para se vender?

*

Delirantes, com a boca aberta sentem suas
cores...
E todos mais, com medo de serem flagrados
em sua ignorância, dizem serem as pinceladas
sabores.
- Não há dúvida de que é expressionista - roga
o moço tentando impressionar a moça quando
tudo é na verdade bastante naturalista.

*

Vem gente de todo o canto e, que eu aqui
que sou o encanto. Posso aqui parado
ver nesse quadro, o que num espelho
é ele quebrado.
Quem o pintou sabe fazer do que sumiu na
arte e virou você, e ele e ela e nós todos,
que somos quadros quando vistos
em remédio para os mal quistos, esses
que para o quadro são piolhos.

*

Dentro disso tudo, a sala, a luz,
a cor; o tudo ao redor e seu valor,
é o que se vê quando mui respeitosamente,
observa-se uma tela que não
seja a da TV.

Petro.

03/01/09

Nenhum comentário: