domingo, 25 de janeiro de 2009

deixo que me há-pontes

águas coloridas de azuis inétidos porque transmutantes; peixes lúdicos no aquário dos sonhos porque translúcidos; feixes cúbicos, planando lúbricos no desatino do percurso porque geométrico; algas amalgamadas às vertigens das lembranças porque estanques; lamas tétricas, adormecidas e nauseadas de composições porque vencidas; folhas maduras, mordidas quando untadas de orvalhos e griladas porque verdes; restos de amores também verdes e mordidos e grilados porque sem início; paixões no fim da estrada, no meio, no antes do ‘se’ porque incertas; uma pedra que vem se descolando, sorridente pelo enfim momento de ser porque movente; uma queda que vai se quedando, por ser assim que ocorre uma existência porque pesada; uma ponte cheia de gente em direção ao outro lado porque secas; um monte de gente seca atoladas porque cheias; uma ruma de coisas abandonadas porque sem prumo; um rumo para as coisas intangíveis porque sem direção, mas com sentido. (aluisio martins)

Um comentário:

sheyla de castilho disse...

um despertar para os sentidos, porque poesia feita em prosa, porque despretenciosa...
e linda...