segunda-feira, 26 de maio de 2008

O mar já era meu, antes que o mar morto.

A morte é a certeza máxima e irrefutável, qualquer um sabe disso. Por isso lamento pouco as catástrofes naturais. De um certo ângulo, até admiro algumas. Imagine, ondas gigantes se vingando do mundo? Tenho pena de quem sofre a perda de alguém e, para eles, toda a minha compaixão e dor, mas não sinto por quem morre.


Já o meu mar, todos os dias tentam-lhe à morte e ninguém nada fala ou faz. Não me refiro apenas aos vazamentos de óleos em milhares de litros, nem aos dejetos de fábricas e esgotos. Para isso a lei até que tem se empenhado. O que me revolta é agressividade paulatina, quase muda. De grão em grão, vão agredindo o meu mar. Madames e gatinhas plásticas cobertas de óleos insistem em manchá-lo. Tudo para exibirem suas bundas modeladas, quando entram e seus peitos insuflados, quando saem. Seus filhinhos, quando tais os têm, mijam despudoradamente no meu mar. Vão-te pentelhos! Sumam daqui. As putas, digo, as disfarçadas de boa coisa - quanto as assumidas, admiro-as muito - acompanhadas de bêbados disformes, levam suas farofas com blondor e lavam-se lá. Fazem do mar o seu motelzinho. E o que é pior: vão se multiplicando a cada nove meses. Então, mais pentelhos, madames e plásticos em formas de bundas, peitos, garrafas, copos... Então, poluirão em medida igual a qualquer despejo ou acidente capital.

Ainda há os pálidos turistas carregados de pragas a caça de meninas “pobres e fáceis”, como dia desses ouvi um holandês a comentar com o outro numa fila de banco. Esses são os piores. Sujam o mundo. Trata-se de uma epidemia. Culpa de quem? Quem vendeu a imagem dessa terra para o mundo “civilizado” com propagandas cheias de meninas estampadas e seminuas? Pensem nisso e me respondam depois. (aluisiomartins)

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