terça-feira, 20 de maio de 2008

CITAÇÃO

Vou começar com uma pérola achada naqueles libretos de aeroporto, que vc começa a ler após o embarque e sempre acaba meia hora antes de chegar no destino...hehehe. Não sei porquê, mas as imagens dos últimos presidentes do Brasil não me saíram da cabeça durante toda a leitura...

Harry G. FrankfurtSobre Falar Merda:
pg 64 a 68:
“Por que se fala tanta merda? É claro que é impossível saber se hoje se fala relativamente mais merda que no passado. Há mais comunicação de todo tipo em nossa época do que já houve antes, mas a parte que equivale a falar merda pode não ter aumentado. Sem pressupor que sua incidência seja maior agora, vou mencionar algumas considerações que ajudam a justificar o fato de que isso seja algo tão notável nos dias de hoje.
É inevitável falar merda todas vez que as circunstâncias exijam de alguém falar sem saber o que está dizendo. Assim, a produção de merda é estimulada sempre que as obrigações ou oportunidades que uma pessoa tem de se manifestar sobre algum tópico excederem seu conhecimento dos fatos pertinentes. Essa discrepância é comum na vida pública, em que os indivíduos são com freqüência impelidos – seja pelas prórpias inclinações ou por exigências de outrem – a falar sobre questões em que são até certo ponto ignorantes. Exemplos intimamente relacionados se originam de uma convicção generalizada de que é dever do cidadão, numa democracia, ter opiniões sobre tudo ou. pelo menos, tudo àquilo que diga respeito à condução das questões de seu país. A falta de um nexo significativo entre as opiniões de uma pessoa e sua apreensão da realidade vai tornar-se ainda mais grave ... para alguém que acredite ser seu dever, como agente moral consciencioso, avaliar acontecimento e condições de todas as partes do mundo.
A atual proliferação do ato de falar merda tem também raízes muito profundas em várias formas de ceticismo, que negam o fato de que possamos ter acesso confiável a uma realidade objetiva e rejeitam, portanto, a possibilidade de sabermos como as coisas na verdade são. Essas doutrinas “ante-realistas” minam a validade de todo esforço desinteressado para se determinar o que é verdadeiro e o que é falso, e até a falta de inteligibilidade da noção de investigação objetiva. Uma das reações a essa perda de confiança tem sido o afastamento da disciplina requerida pelo ideal da correção em direção a um tipo de disciplina completamente diferente, que é imposto pela perseguição a um ideal alternativo de sinceridade. Em vês de buscar chegar primeiramente a representações precisas do mundo comum, o indivíduo se volta para a tentativa de oferecer representações honestas de si. Convencida de que a realidade não tem nenhuma natureza inerente, que ela pudesse ter esperanças de identificar com a verdade sobre as coisas, a pessoa dedica-se a ser fiel à sua natureza. É como se percebesse que, uma vez que não faz sentido tentar ser fiel aos fatos, deve, em vez disso, esforçar-se para ser fiel a si mesma.Porém é absurdo imaginar que somos determinados e aí suscetíveis a descrições correta se incorretas. embora supondo que a atribuição de determinação a tudo o mais tenhas sido exposta como um erro. Como seres conscientes. Existimos apenas em resposta a outras coisas e não podemos conhecer a nós mesmos, de modo algum, sem conhecê-las. Al´me disso, não existe nada na teoria, e certamente nada na prática, que sustente a opinião singular de que a verdade sobre si é mais fácil de saber. Os fatos a nosso respeito não são particularmente sólidos e resistentes contra uma dissolução cética. Nossa natureza é, na verdade, enganosamente sem substância – muito menos estável inerente que a natureza das outras coisas. E, já que o caso é esse, sinceridade nada mais é do que falar merda.”“.

2 comentários:

aluisio martinns disse...

Felicidade completa ter você publicando aqui. Sei de tua rara mente e necessária nesse mundo.
Saudações rubro-negras

MASA disse...

Obrigado por aolher minha loucura...
beijos, te amo.