inadmirável mundo
um sol no horizonte’xplode. um pássaro
negro de sangue e dor nos envolve.
e se apagará este verso
e as lágrimas
e os lírios deste papel.
para que façamos versos de sangue
para que possamos fazer de dor
para que jamais nasçam lírios
nem versos nem amor.
porque chegou o tempo do não amor
porque amar resultou ridículo,
amar em toda conjugação infinita
do verbo amar.
e explodiu a bomba:
matar, desejamos matar.
matar, somente matar.
porque chegou o tempo do não amor
porque chegou o tempo-bomba.
e nascerão crianças bombas.
e morrerão crianças-bombas.
e surgirão homens-bombas.
e explodirão os seus cem mil corpos-bombas
com seus cem mil carros-bombas
com seus cem mil edifícios-bombas.
mas Cristo voltará à terra para nos fazer
versos de amor e paz
para que façamos versos de sangue e dor
porque chegou o tempo de não amar
e ridículo é este poema que se escreve ridículo
para não ser amado
porque chegou o tempo,
o tempo do não amor
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