domingo, 29 de março de 2009

"Porque a partir do momento em que chamamos, tornamo-nos, somos já semelhantes.
A quem? A que? Àquilo de que nada sabemos.
E é tornando-nos uma pessoa semelhante que deixamos o deserto, a sociedade.
Escrever é ser ninguém. Estar morto, dizia Thomas Mann.
Quando escrevemos, quando chamamos, somos já semelhantes.
Tentemos.
Tentemos quando estamos a sós no nosso quarto, livres, sem qualquer controle do exterior, chamar ou responder por cima do abismo.
Misturar-nos à vertigem, à maré imensa dos apelos.
Essa primeira palavra, esse primeiro grito, não sabemos grita-lo.
É a mesma coisa que chamar por Deus. É impossível.
E faz-se.
MARGUERITE DURAS

Um comentário:

vanessacamposrocha disse...

clarice lispector disse uma vez que só existia quando o outro a lia, escrever é viver ou é renascer?
bonito texto