segunda-feira, 9 de março de 2009

Minha paixão é feia



Um dia eu te falei - lave-me de ti ...
Porque não podia suportar a intensidade do que já sentia e queimava como fogo,
as saudades antes mesmo de que voce tivesse partido, depois de uma noite de amor louco, horas velando o teu corpo nu ... quanto tempo para deixar de sentir esse fogo? quanto tempo ardendo, derretendo palavras, sufocando em lágrimas a emoção mãe, o nosso destino cruel, a nossa irremediável solidão? um passo, um afago, um apelo, máscaras, súplicas, promessas vãs ... vê que que o mundo dá voltas e o fogo segue queimando, agora ansiando por outro corpo, mas é a mesma entidade! não posso suportá-lo, mas o desejo mais que nada. não posso aceitá-lo, mas ele não pede licença. é um exército de mercenários. sim, eu os reconheço porque sou feita da mesma matéria, partimos todos da mesma origem. sou capaz de invadir um coração e despedaçá-lo só para sentir o gosto de sangue. e ela, a minha alma predatória sofre, incapaz de dar liberdade, incapaz de conceder o benefício da dúvida, ou como voce disse - incapaz de tolerar a covardia. porque ela, a minha alma predatória, deseja o mundo inteiro para si. minha paixão não conhece limites. minha paixão ou mata, ou morre! minha paixão é feia. mas meu coração me salva.
*
Anete Antunes

3 comentários:

aluisio martinns disse...

Aqui, nesse texto, me encontro porque encontro toda a humanidade. Subjugar o inconsciente coletivo. Sumblimar a própria consciência de ser vivo. Muitos vivas à ti, Anete. Escreve como ama ou ama como escreve? Isso é o mais próximo da verdade que um escritor pode chegar, penso.

Petro disse...

Realmente, uma bomba esse seu poema, Anete. Parabéns, e acho mesmo que são textos assim que nos tem trazido mais alegrias para esse blog..
Muito bem!

Mão Veada disse...

Na tentativa da cartase - um grito visceral. Impossível contê-lo. Doeu. Mas nasceu. Um beijo para vcs, meus poetas.