sábado, 28 de março de 2009

poeta quem?

arte: tina imel


já fui insana quando insone e buscava em paraísos artificiais,

a calma falsa e lenta que me secava a boca e pesava pálpebras, que de lágrimas e gozo amanheciam grudentas.

e controversa quando insone, eu buscava na suposta insanidade o efeito fulgaz e quem sabe fatal, dos artifícios que pra mim eram naturais.

eu já chorei na frente do espelho, estourando vasos nos olhos vermelhos

e já fui uma escrava sedenta de voláteis prazeres grotescos...

já fui semente, demente, já fui doente e quem não foi?

e fui curada, amaldiçoada e já fui amada por quem ficou e por quem se foi.

e também fui amante de vorazes defeitos, que pra mim no instante pareciam perfeitos

de quem não prezava em nenhum momento, o meu menor contentamento.

eu prezo tanto meus arrependimentos , quanto meus desprendimentos...

eu já pequei em nome do encantamento e me desesperei em silêncio em sepultamentos.

já fui um dia também, raiz encrustada na rocha e espuma cor de rosa lançada ao vento.

hoje, eu apenas debocho da sorte da vida e aceito o afago dos que me dizem poeta,

mas eu apenas espio o suspiro das frágeis vidas

e falo de amor, cicatrizes, feridas

encontros, desencantos e das partidas que assisto atenta e muitas vezes passiva,

por entre as fendas sombrias, de portas pra sempre batidas

e pelas frestas que vazam luzes poéticas, de janelas que insisto em deixar entreabertas...

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(sheyladecastilho°

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2 comentários:

Petro disse...

engraçado como, na arte, todos são um só: estão no mesmo barco e sentem os mesmos pensamentos.

Legal, Sheyla, me identifiquei muito!

Pedro.

(sheyladecastilho° disse...

não só na arte, Pedro...
somos todos semelhantes e ao mesmo tempo muito diferentes!
e é mto bom quando a arte invade e a gente consegue perceber o que nos atrai e nos repele a partir dela.
beijo!