já fui insana quando insone e buscava em paraísos artificiais,
a calma falsa e lenta que me secava a boca e pesava pálpebras, que de lágrimas e gozo amanheciam grudentas.
e controversa quando insone, eu buscava na suposta insanidade o efeito fulgaz e quem sabe fatal, dos artifícios que pra mim eram naturais.
eu já chorei na frente do espelho, estourando vasos nos olhos vermelhos
e já fui uma escrava sedenta de voláteis prazeres grotescos...
já fui semente, demente, já fui doente e quem não foi?
e fui curada, amaldiçoada e já fui amada por quem ficou e por quem se foi.
e também fui amante de vorazes defeitos, que pra mim no instante pareciam perfeitos
de quem não prezava em nenhum momento, o meu menor contentamento.
eu prezo tanto meus arrependimentos , quanto meus desprendimentos...
eu já pequei em nome do encantamento e me desesperei em silêncio em sepultamentos.
já fui um dia também, raiz encrustada na rocha e espuma cor de rosa lançada ao vento.
hoje, eu apenas debocho da sorte da vida e aceito o afago dos que me dizem poeta,
mas eu apenas espio o suspiro das frágeis vidas
e falo de amor, cicatrizes, feridas
encontros, desencantos e das partidas que assisto atenta e muitas vezes passiva,
por entre as fendas sombrias, de portas pra sempre batidas
e pelas frestas que vazam luzes poéticas, de janelas que insisto em deixar entreabertas...
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(sheyladecastilho°
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2 comentários:
engraçado como, na arte, todos são um só: estão no mesmo barco e sentem os mesmos pensamentos.
Legal, Sheyla, me identifiquei muito!
Pedro.
não só na arte, Pedro...
somos todos semelhantes e ao mesmo tempo muito diferentes!
e é mto bom quando a arte invade e a gente consegue perceber o que nos atrai e nos repele a partir dela.
beijo!
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