terça-feira, 22 de setembro de 2009

Afeganistão

Você chama e ele vem - feliz - como um cãozinho que reconhece um dono em potencial.
O coração decodifica seus símbolos e sinais.
A senha está correta, e ele entra.
Sentidos encrespam como uma vaga de ressaca contra a murada da avenida -Tudo se alaga.
Antes – a calmaria que antecede os grandes fenômenos da natureza: Como um lapso no respirar, o silêncio majestoso das grandes cadeias.
Contra as reiteradas investidas de nossos desejos terroristas, só encontramos abrigo nas solitárias cavernas do Afeganistão.
Mas isso também não dura. E saímos em busca de alimento.
Esse que sustenta a complexa estrutura de nossos anseios mais secretos, nossas esperanças, por vezes vãs.
Ao revê-lo, dá-se um colapso no sistema.
Ebulições de euforia, explosões de alegria, prostrações de tristeza.
A máquina reage, soa um alarme estridente.
Tempo apenas de abrigar-se do bombardeio de sensações confusas nas trincheiras abertas da alma.
Então, nosso coração é uma granada e o caminho a seguir está cheio de minas antigas, esquecidas desde a última guerra.
*
Anete Antunes

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