Ontem sonhei com a palavra amor
E acordei pensando em computador
Telefonei para a palavra orgulho
E recebi um sinal mudo
Sai de casa com a palavra raiva
E dei de cara com uma antiga namorada
Conversamos com a palavra lembrança
Como se fossemos duas crianças
Almoçamos com a palavra saudade
Contando histórias de nossa mocidade
Me despedi da palavra desejo
Com um "tchau", um abraço e um beijo
Peguei o novo número de telefone
Do termo não me decepcione
E logo passei a me encontrar
Com o termo se reencontrar
Mas no nosso encontro seguinte
Encontrei a palavra rinite
Esperei qualquer palavra saudável
Até que ela me ligou, quando estava estável
E então marcamos de sair
Prum canto que precisa se bem-vestir
Sendo que disso eu não sabia
E fui para lá de chinelo, bermuda e agonia
Rindo, procuramos um outro canto
Um que tenha as palavras simples e encanto
Achamos numa esquina do Benfica
Um barzim de palavras paz e calmaria
Fomos atendidos por um garçon simpático
De palavras careca, alegre e extremamente pálido
Sei que agora estou muito feliz
Com a palavra... como é mesmo que se diz?
Não tou conseguindo identificar
Vou atrás da palavra pesquisar,
Começando pelo computador...
Lembrei! Acordei com a palavra amor!
C. A. Ribeiro Neto
* Pois bem, se me convidaram, eu aceito o convite!
www.caribeironeto.blogspot.com
sábado, 25 de outubro de 2008
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
Boca Boa de Beijar
Levanta tua saia
dentro, sua laia
é de uma tralha
sou o que trabalha
Já no fim do dia
à tarde, poesia
clarifica e é sadia
como sua companhia
Outro beijo roubado
da sua boca muito boa
desse seu jeito enjoado
soletro no céu classudo
da tua boca, um beijo sexuado
que sobe e deixa-me mudo.
PETRO.
Fortaleza, 29/09/08
dentro, sua laia
é de uma tralha
sou o que trabalha
Já no fim do dia
à tarde, poesia
clarifica e é sadia
como sua companhia
Outro beijo roubado
da sua boca muito boa
desse seu jeito enjoado
soletro no céu classudo
da tua boca, um beijo sexuado
que sobe e deixa-me mudo.
PETRO.
Fortaleza, 29/09/08
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Loira-burra

Alimenta-se de pequenas fatias prateadas e recheios ondulados e brilhantes, reflexivas. Engorda com dietéticas maldades. Rondou, com seus olhinhos semicerrados, o que circunvizinhava, e notou novidade inquilinando seu bairro. Desceu do carro uma garota, recatada, misteriosa, sentiu medo. Além da trigal cabeleira cascateando em laminas o par de olhos verdes, a boca miscigenada, carnuda e mulata, um tom ocre enviava sinais de sol e sal. Olhos de boa alma, gênio calmo. Morena logo convocou os habitantes para travar estratégias e tratou de encenar, cinicamente, sorrisos e rebolados. Perfilou Jonas, Marquinhos e Duda exigindo posturas e juras de amor em público. Beijos na boca, irrefutáveis. Pronto, essa loirinha metida a besta já deve saber quem manda por aqui. Ai dela se ousar se meter comigo. As amigas bajulavam e diziam-lhe que não haveria ninguém mais linda que ela e, aos poucos, sua ira foi dando lugar à gargalhada escandalosa, assustadora. Recepcionaram a menina em uníssono: loira-burra, loira-burra, loira-burra. A morena nunca perdia o rebolado, ao contrário, dominava-o excelentemente, acentuava-o quando rivais ou pretendentes por perto. Ainda que não pretendessem de fato, mero detalhe, todos a desejavam. Inclusive o Tio Alberto, solteirão convicto, irmão de sua mãe, quando lhe visitava, a seduzia. Tio olha os meus peitinhos, pega na minha bundinha, já sei beijar de língua, quer? Este bem que avisou a mana da formação da pequena. Não lhe deu ouvidos. Isso é coisa da sua cabeça, imagina, criança não tem maldade. Agora, evitava visitar-lhe. Cumpria o estritamente necessário, natal, aniversários, etc. Loira-burra, barrada ao convívio, entretinha-se com livros. (Aluísio Martins)
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
????
Perguntas sem respostas
Cadê você?
De todo mundo
Em todo o mundo
Atrás da porta
Em toda porta
Por toda parte
Em toda arte
Sob a luz
Debaixo das sombras
Embaixo da unha
Os restos da noite
Dentro da boca
As sobras da vida
Que não tem mais vida
Por quê você?
MASA 19/5/8
Cadê você?
De todo mundo
Em todo o mundo
Atrás da porta
Em toda porta
Por toda parte
Em toda arte
Sob a luz
Debaixo das sombras
Embaixo da unha
Os restos da noite
Dentro da boca
As sobras da vida
Que não tem mais vida
Por quê você?
MASA 19/5/8
PALHAS DO COQUEIRO
SUOR
QUE ESCORRE
FAZENDO CARINHO
QUE PERCORRE
ALHEIOS CAMINHOS
NO GOZO
NO FOGO
DE MANSINHO...
MASA.
QUE ESCORRE
FAZENDO CARINHO
QUE PERCORRE
ALHEIOS CAMINHOS
NO GOZO
NO FOGO
DE MANSINHO...
MASA.
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
Reu do Rio
Assumi que sou um navegante dos ribeiriços em acodir a si
riscos e desatinos; a primeiriços de que torna-me no que vi.
Suspenso por entre um matagal alto, esqueço do que falo e salto para
triste olhar dispenso.
Ao que perdi meu fio da visão, vejo o que vi ao longe, numa enevoada
casa de monge atravessar os que dito um pedi.
à outra margem, soçobrando peixes, desses que deixes por ti levarem
livre na estiagem.
Oi para o que passa, com o rio embassa, eriça e sente formigar da
divisa que chega ao encontrar com o oceano quente.
Tudo o que vejo é escaldar a verdadeira chegada do alvorecer na certa
esteira parecer, aeon e pincel e ensejo.
Para o rio atravessar, conta-se quantas são as tantas mãos as quais
remam e se despedem mais que se perdem no desaguão.
E, tudo isso é infinito, Deus que os pôs à nossa vista, cousa antiga
e tão bonito.
Tudo, então que é, se é para o rio, uma mulher -- a chamo ré. Mas como
sou homem, meu abdome é só o cio para parir um rio do que ter fé.
Sou réu do rio, e não tardio a descobrir o que ele é.
Petro
Fortaleza, 11/09/08
riscos e desatinos; a primeiriços de que torna-me no que vi.
Suspenso por entre um matagal alto, esqueço do que falo e salto para
triste olhar dispenso.
Ao que perdi meu fio da visão, vejo o que vi ao longe, numa enevoada
casa de monge atravessar os que dito um pedi.
à outra margem, soçobrando peixes, desses que deixes por ti levarem
livre na estiagem.
Oi para o que passa, com o rio embassa, eriça e sente formigar da
divisa que chega ao encontrar com o oceano quente.
Tudo o que vejo é escaldar a verdadeira chegada do alvorecer na certa
esteira parecer, aeon e pincel e ensejo.
Para o rio atravessar, conta-se quantas são as tantas mãos as quais
remam e se despedem mais que se perdem no desaguão.
E, tudo isso é infinito, Deus que os pôs à nossa vista, cousa antiga
e tão bonito.
Tudo, então que é, se é para o rio, uma mulher -- a chamo ré. Mas como
sou homem, meu abdome é só o cio para parir um rio do que ter fé.
Sou réu do rio, e não tardio a descobrir o que ele é.
Petro
Fortaleza, 11/09/08
Assinar:
Postagens (Atom)