domingo, 27 de novembro de 2011

Sem Título

Olho para o teto
E penso comigo:
Nem mais um amigo
Estou incompleto

Esta pate que falta
Em minh'alma delata
Um não querer-me só
À verdade sou um pó

Que se sacode qual poeira
Do móvel mais velho
E ao qual pousa no espelho

Tira dele o reflexo
Pois é viver sem nexo
Pensando em besteira

Minha atual profissão
Eu preso em casa
Sou furacão qu'arrasa
E peste da nação

Incomodo tamanhamente
Ao ser eloquente
Quanto me valha a arrogância
Qu'em meu peito descansa

Quando me sacodem
Eu vôo pelos ares
Então me encontrares
Só se espalhado em um canto

Pois minhas partes
Subirem em dar-tes
Todo milagre santo

Assim eu sou que causo
Essa alergia, tão funda
Talvez oriunda
Do tempo ido pauso

Só então me ergo:
Altivo, eu enxergo
Não mais a solidão
Mas triste poesia

Na noite que tardia
No vale de Sião
Onde as outras cousas

Também vão sagradas
Das minhas amadas
Sobrou-me só rosas

Triunfo sobre mim
Subindo às paredes
E dão-me umas sedes
Fissura sem fim

Quando tudo se afasta
Por fim tu, nefasta
Aurora teu brim
E todas as novas

Passando por trovas
Atestam um fim
O de ser da prosa

A própria rosa
A cor tenebrosa
Que dorme em mim.

Petro.

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